Parentesco e aliança entre os Kalapalo do Alto Xingu - Comunidade ...
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não foi p<strong>os</strong>sível ter acesso a este trabalho, me limitarei aqui a uma revisão da compilação feita<br />
pela autora.<br />
Souza (op. cit.), referin<strong>do</strong>-se a Ellen Basso (1973b), afirma que segun<strong>do</strong> ela<br />
O que estes quatro term<strong>os</strong> alternativ<strong>os</strong> viriam pois expressar são justamente as diferenças em<br />
ifutisu (relacionadas fundamentalmente a<strong>os</strong> estatut<strong>os</strong> respectiv<strong>os</strong> de <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r e toma<strong>do</strong>r, mas<br />
também ao status político relativo d<strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong>). (SOUZA, 1992, p. 48)<br />
Basso afirma que o termo hehuko, normalmente encurta<strong>do</strong> para hehu, c<strong>os</strong>tuma ser<br />
utiliza<strong>do</strong> em situações de grande liberdade <strong>entre</strong> cunhad<strong>os</strong> e indica uma condição de<br />
deferência <strong>do</strong> falante em relação ao referi<strong>do</strong>. Alguns indivídu<strong>os</strong> em Aiha chamam seus<br />
cunhad<strong>os</strong> de hehuko ou hehu em sua presença, e são tod<strong>os</strong> homens que receberam esp<strong>os</strong>as;<br />
esta é uma forma de se referir a um cunha<strong>do</strong> em p<strong>os</strong>ição superior pela <strong>do</strong>ação da esp<strong>os</strong>a,<br />
indican<strong>do</strong> simultaneamente liberdade (pelo uso <strong>do</strong> vocativo) e respeito (pela deferência<br />
implicada no termo) <strong>entre</strong> afins de mesma geração e mesmo sexo.<br />
Já o termo uhaumeti, “abreviação” de uhaumetigü, seria utiliza<strong>do</strong> em situações na qual<br />
o falante deseja demonstrar sua superioridade inequívoca em relação ao referente, que deve,<br />
em demonstração de ihütisü, sujeitar-se a essa atitude de seu cunha<strong>do</strong>, que é considerada uma<br />
“infração” das regras <strong>do</strong> “bom falar” <strong>Kalapalo</strong>. Este é o termo que alguns chefes c<strong>os</strong>tumam<br />
utilizar para se referir a alguns cunhad<strong>os</strong> que eventualmente também sejam chefes e rivais<br />
polític<strong>os</strong>, procuran<strong>do</strong> sempre explicitar sua p<strong>os</strong>ição de “<strong>do</strong>a<strong>do</strong>r” e de “superior” em relação a<br />
seus rivais.<br />
(…) a man who mentions the term ifámetigï in the presence of a brother-in-law is disobeying a<br />
rule of proper affinal speech. Therefore, the use of ufaméti is a subtle though appropriate<br />
violation of that rule, and consequently indicates that the speaker is an unambigu<strong>os</strong>ly <strong>do</strong>minant<br />
brother-in-law. (BASSO, 1973b, p.15-6 apud SOUZA, 1992, p. 47)<br />
O termo grafa<strong>do</strong> por Basso como kuñatu, adaptação fonética da palavra em português<br />
“cunha<strong>do</strong>”, indicaria uma relação simétrica <strong>entre</strong> <strong>os</strong> cunhad<strong>os</strong>, manten<strong>do</strong> o ihütisü hekugu que<br />
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