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Parentesco e aliança entre os Kalapalo do Alto Xingu - Comunidade ...

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Pois a fórmula patrilateral não está ausente (seja através <strong>do</strong> casamento com a F♀XD<br />

ou com a FZHD), assim como a troca de irmãs. Desta forma, surge um problema complexo: o<br />

de saber como fórmulas assimétricas e simétricas se combinam no interior de um mesmo<br />

sistema que aparentemente se adéqua ao modelo da troca restrita inclusiva. Outro problema<br />

decorrente disto, associa<strong>do</strong> à baixíssima durabilidade d<strong>os</strong> “grup<strong>os</strong>”, é a pertinência <strong>do</strong> modelo<br />

da <strong>aliança</strong> iroquesa.<br />

6.1 Visões restritas e assimétricas da <strong>aliança</strong><br />

Sabe-se que a troca de irmãs é p<strong>os</strong>sível <strong>entre</strong> <strong>os</strong> <strong>Kalapalo</strong> e que, segun<strong>do</strong> Basso<br />

(1973a, p. 88), ela seria mesmo considerada pel<strong>os</strong> homens “a highly desirable practice”. Se a<br />

troca de irmãs for entendida em senti<strong>do</strong> estrito (isto é, um homem dá sua irmã ou prima<br />

paralela a outro homem em troca de poder desp<strong>os</strong>ar uma irmã ou prima paralela deste),<br />

haveria apenas um caso em Aiha atualmente. Mesmo <strong>entre</strong> <strong>os</strong> antepassad<strong>os</strong> d<strong>os</strong> habitantes de<br />

Aiha, pouc<strong>os</strong> cas<strong>os</strong> deste tipo puderam ser registrad<strong>os</strong> (apenas quatro), dan<strong>do</strong> a impressão de<br />

que a troca de irmãs “verdadeiras” não seria uma prática tão comum assim.<br />

Entretanto, é necessário relativizar o que se pode entender por “troca de irmãs” <strong>entre</strong><br />

<strong>os</strong> <strong>Kalapalo</strong>. Conceber a “troca de irmãs” exclusivamente <strong>do</strong> ponto de vista que estas práticas<br />

têm em sistemas de terminologias transitivas pode conduzir a err<strong>os</strong> significativ<strong>os</strong> de<br />

interpretação <strong>do</strong> material etnográfico, pois semelhante atitude ignoraria uma característica<br />

fundamental da terminologia de parentesco kalapalo. Como vim<strong>os</strong>, há sistemas que operam<br />

através da op<strong>os</strong>ição conceitual dravidiana <strong>entre</strong> consangüinidade e afinidade, mas que<br />

transmitem relações de <strong>aliança</strong> através de cálcul<strong>os</strong> iroqueses (como o sistema aguaruna <strong>do</strong><br />

conjunto jívaro e, segun<strong>do</strong> <strong>os</strong> dad<strong>os</strong> apresentad<strong>os</strong> até agora, o próprio sistema kalapalo). E o<br />

pressup<strong>os</strong>to de sistemas como estes é que prim<strong>os</strong> cruzad<strong>os</strong> de sexo op<strong>os</strong>to sejam equivalentes<br />

lógic<strong>os</strong> de pares de irmã<strong>os</strong> e irmãs; por isto, a prática da “troca de irmãs” <strong>entre</strong> <strong>os</strong> <strong>Kalapalo</strong><br />

compreende, além das irmãs “verdadeiras” de <strong>do</strong>is homens e suas primas paralelas, suas<br />

primas cruzadas, assimiladas a irmãs ao se casarem com outr<strong>os</strong> homens, que serão<br />

classificad<strong>os</strong> como “cunhad<strong>os</strong>” (sen<strong>do</strong> que, em um sistema com terminologia transitiva, se<br />

trataria na verdade de parentes paralel<strong>os</strong>, e não afins). Ou seja, vista a partir de sua forma<br />

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