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Parentesco e aliança entre os Kalapalo do Alto Xingu - Comunidade ...

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visão d<strong>os</strong> <strong>do</strong>is cunhad<strong>os</strong>). D<strong>os</strong> 20 casament<strong>os</strong> com a prima cruzada matrilateral, 11 são<br />

seguid<strong>os</strong> pela troca de irmãs ou primas. Ora, de fato, este tipo de situação leva a uma<br />

sobrep<strong>os</strong>ição de <strong>aliança</strong>s que “tende” à troca restrita (troca de irmãs ou primas); <strong>entre</strong>tanto,<br />

pelo fato <strong>do</strong> casamento matrilateral ser um ideal, pela imagem <strong>do</strong> casamento ser a de um<br />

homem que toma uma mulher de seu sogro (e não de seu cunha<strong>do</strong>), e a troca de irmãs ser uma<br />

contingência, continuarei tratan<strong>do</strong> tod<strong>os</strong> estes 20 casament<strong>os</strong> como matrilaterais e<br />

assimétric<strong>os</strong>, ven<strong>do</strong> naqueles que se transformaram em “troca de irmãs” formas de uma<br />

assimetria <strong>do</strong>brada que, por contar com duas relações de senti<strong>do</strong> inverso, tende a gerar uma<br />

menor assimetria. É como se f<strong>os</strong>se p<strong>os</strong>sível interpretar estes cas<strong>os</strong> à luz de algum modelo de<br />

“troca matrilateral inclusiva”, ou algo semelhante. E, além disso, as demais uniões<br />

matrilaterais continuam sen<strong>do</strong> assimétricas (o que pode ser algo que perdurará por uma ou<br />

duas gerações, ou será anula<strong>do</strong> futuramente por outr<strong>os</strong> cas<strong>os</strong> de troca de irmãs, não é p<strong>os</strong>sível<br />

prever). As condições de ocorrência destas uniões serão analisadas na parte seis deste<br />

trabalho, dedicada à dinâmica das <strong>aliança</strong>s.<br />

Segun<strong>do</strong> a discussão de Viveir<strong>os</strong> de Castro (1990, 1993b) sobre as relações <strong>entre</strong> a<br />

troca patrilateral e a troca de irmãs, <strong>os</strong> casament<strong>os</strong> patrilaterais podem ser vist<strong>os</strong> como formas<br />

diferidas de troca restrita, pois <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res em uma geração serão receptores na seguinte (isto é,<br />

uma mulher dada em uma geração retornará ao grupo de <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res, mas somente na geração<br />

seguinte). Desta forma, <strong>os</strong> casament<strong>os</strong> registrad<strong>os</strong> podem ser dividid<strong>os</strong> seguin<strong>do</strong> <strong>do</strong>is<br />

critéri<strong>os</strong>: um deles refletiria a opção de manter tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> casament<strong>os</strong> matrilaterais como<br />

assimétric<strong>os</strong> (mesmo <strong>os</strong> que se tornaram trocas de primas), e resultaria na seguinte tabela, que<br />

contabiliza troca restrita e troca matrilateral:<br />

Tip<strong>os</strong> de casamento Quantidade Porcentagem total<br />

Troca restrita 21 46%<br />

Troca matrilateral 25 54%<br />

Total 46 100%<br />

Tabela 5.5: percentual de troca restrita e troca matrilateral<br />

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