Parentesco e aliança entre os Kalapalo do Alto Xingu - Comunidade ...
Parentesco e aliança entre os Kalapalo do Alto Xingu - Comunidade ...
Parentesco e aliança entre os Kalapalo do Alto Xingu - Comunidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
paterno, seja <strong>do</strong> la<strong>do</strong> materno (isto é, não há distinções <strong>entre</strong> parentes lineares e colaterais na<br />
geração d<strong>os</strong> avós). Diferentemente, Ego não distingue o gênero de seus parentes de G -2 ,<br />
chaman<strong>do</strong> a qualquer um de uhigü (neto ou neta) ou a tod<strong>os</strong> de uhijaõ (net<strong>os</strong>). Basso (1973a,<br />
p. 78) já havia nota<strong>do</strong> que<br />
The male term in the plural form, isaupuaw, can be used to speak of all kinsmen as a set in this<br />
generation, regardless of sex. At the -2 generation, that of grandchildren, only one category is<br />
distinguished. This is called ifijaw.<br />
Em G +2 não ocorre nenhuma distinção <strong>entre</strong> parentes lineares e colaterais, de mo<strong>do</strong><br />
que Ego sempre equaciona FF a FFB e a FMB, assim como MM a MMZ e a MFZ. A<br />
categoria isawpuaw à qual se refere Basso não pode ser vista como uma categoria ego-<br />
centrada, como sugere a autora (ver Tabela 3.1), mas sim como um tipo de categoria que<br />
poderia mais apropriadamente ser chamada de “alter-centrada”, pois se refere exclusivamente<br />
a<strong>os</strong> avôs e avós d<strong>os</strong> outr<strong>os</strong>, nunca a<strong>os</strong> de Ego. Ela é utilizada para se referir a parentes de G +2<br />
que não sejam parentes <strong>do</strong> falante, pois se estes forem seus parentes ele se referirá a eles pelo<br />
termo de parentesco que lhes couber pela terminologia ego-centrada. O mesmo é váli<strong>do</strong> para<br />
<strong>os</strong> term<strong>os</strong> de G +1 , pois aqueles que Basso afirma serem ego-centrad<strong>os</strong> para “pai” (isuwï) e<br />
“mãe” (isi) também são term<strong>os</strong> exclusiv<strong>os</strong> para se falar d<strong>os</strong> pais e mães d<strong>os</strong> outr<strong>os</strong>, nunca de<br />
seus própri<strong>os</strong>.<br />
Em G +1 aparecem pela primeira vez distinções <strong>entre</strong> parentes paralel<strong>os</strong> e cruzad<strong>os</strong><br />
(como já havia si<strong>do</strong> nota<strong>do</strong> por Oberg). Os term<strong>os</strong> para F e FB são <strong>os</strong> mesm<strong>os</strong>, assim como<br />
para M e MZ, o que não ocorre com FZ e MB, que p<strong>os</strong>suem term<strong>os</strong> específic<strong>os</strong><br />
(respectivamente, etsi e awa). Estes term<strong>os</strong> p<strong>os</strong>suem uma ambigüidade quan<strong>do</strong> pensad<strong>os</strong> tanto<br />
<strong>do</strong> ponto de vista de seu lugar em relação ao conjunto d<strong>os</strong> cognat<strong>os</strong> de G +1 quanto de seu<br />
lugar preeminente ocupa<strong>do</strong> na mitologia e sua forma de participação no sistema matrimonial.<br />
Basso (1973a, p. 80) identifica a irmã <strong>do</strong> pai e o irmão da mãe como <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res<br />
potenciais de esp<strong>os</strong>as para seus sobrinh<strong>os</strong>, por serem <strong>os</strong> únic<strong>os</strong> cognat<strong>os</strong> com cujas filhas um<br />
homem pode se casar: “The latter two categories [FZ e MB] are defined by the <strong>Kalapalo</strong> as<br />
‘pottencial affines’; that is, th<strong>os</strong>e kinsmen who can give spouses to ego (…)”.<br />
63