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Parentesco e aliança entre os Kalapalo do Alto Xingu - Comunidade ...

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awa e etsi (característica que fez com que Basso 106 sugerisse pela primeira vez que a<br />

terminologia kalapalo p<strong>os</strong>suía traç<strong>os</strong> dravidian<strong>os</strong>). Também, o índice de casament<strong>os</strong><br />

patrilaterais e de troca de irmãs é razoavelmente eleva<strong>do</strong>, e a classificação <strong>do</strong> espaço social<br />

kalapalo obedece perfeitamente à fórmula segun<strong>do</strong> a qual “alia<strong>do</strong> de alia<strong>do</strong> também é alia<strong>do</strong>”,<br />

como fica claro pela assimilação <strong>do</strong> mari<strong>do</strong> da prima cruzada à categoria “cunha<strong>do</strong>” e d<strong>os</strong><br />

parentes cruzad<strong>os</strong> de G +1 <strong>do</strong> mari<strong>do</strong> ou da esp<strong>os</strong>a a “sogr<strong>os</strong>” e “sogras”, como já vim<strong>os</strong> na<br />

terceira parte deste trabalho. Ou seja, a organização “conceitual” <strong>do</strong> sistema kalapalo parece<br />

corresponder a<strong>os</strong> pressup<strong>os</strong>t<strong>os</strong> d<strong>os</strong> sistemas dravidian<strong>os</strong> amazônic<strong>os</strong>, que operam através de<br />

sistemas de troca restrita inclusiva (multibilaterais), a não ser pela marcação <strong>do</strong> tio materno,<br />

pela preferência pelo casamento com a MBD, a superioridade hierárquica <strong>do</strong> cálculo uterino<br />

sobre o cálculo paterno e a recorrência de casament<strong>os</strong> matrilaterais n<strong>os</strong> quais MBW ≠ FZ<br />

(contrariamente à observação geral sobre muit<strong>os</strong> pov<strong>os</strong> de que “la cousine bilatérale est<br />

conçue comme un cas particulier de la cousine patrilatérale 107 ”).<br />

O objetivo desta seção é apresentar dad<strong>os</strong> quantitativ<strong>os</strong> e qualitativ<strong>os</strong> sobre as práticas<br />

matrimoniais d<strong>os</strong> kalapalo, para que se p<strong>os</strong>sa ter dimensão d<strong>os</strong> tip<strong>os</strong> de casament<strong>os</strong> realizad<strong>os</strong><br />

em Aiha, suas respectivas freqüências estatísticas e para que se p<strong>os</strong>sa oferecer bases empíricas<br />

(muito pouco disponíveis para <strong>os</strong> pov<strong>os</strong> da região) para lidar com <strong>do</strong>is temas importantes<br />

sobre a <strong>aliança</strong> <strong>entre</strong> <strong>os</strong> alto-xinguan<strong>os</strong>: a viabilidade da hipótese da transmissão da afinidade<br />

através de cálcul<strong>os</strong> iroqueses e as relações <strong>entre</strong> <strong>os</strong> casament<strong>os</strong> arranjad<strong>os</strong> e <strong>os</strong> casament<strong>os</strong><br />

“de namorad<strong>os</strong>” com a estrutura da <strong>aliança</strong>.<br />

5.1 O material etnográfico<br />

O material etnográfico utiliza<strong>do</strong> consiste em uma genealogia comp<strong>os</strong>ta por 425<br />

indivídu<strong>os</strong>: 137 falecid<strong>os</strong> e 288 indivídu<strong>os</strong> viv<strong>os</strong> (sen<strong>do</strong> 179 adult<strong>os</strong> e 109 crianças 108 , nem<br />

tod<strong>os</strong> viven<strong>do</strong> em Aiha atualmente), d<strong>os</strong> quais 205 se casaram ao men<strong>os</strong> uma vez. D<strong>os</strong><br />

homens viv<strong>os</strong> com idade para se casar, apenas alguns pouc<strong>os</strong> estão solteir<strong>os</strong>, e trata-se de<br />

jovens que ainda podem esperar para conseguir uma esp<strong>os</strong>a, de mo<strong>do</strong> que dificilmente é<br />

106 Cf. BASSO, 1969.<br />

107 VIVEIROS DE CASTRO; FAUSTO, op. cit., p. 154.<br />

108 Incluí na categoria “crianças” jovens que ainda não passaram pelo perío<strong>do</strong> de reclusão pubertária.<br />

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