o ensino/aprendizagem da produção textual na quinta série
o ensino/aprendizagem da produção textual na quinta série
o ensino/aprendizagem da produção textual na quinta série
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
143<br />
E, fi<strong>na</strong>lmente, após os alunos termi<strong>na</strong>rem os seus desenhos, pede-lhes para<br />
começarem a escrever, imagi<strong>na</strong>ndo e contando tudo o que aconteceu nessa caça<strong>da</strong>.<br />
Façamos uma análise desse recorte, perguntando: será que para que o aluno<br />
consiga escrever ou obtenha sucesso <strong>na</strong> <strong>produção</strong> de seu texto seja necessário alimentá-lo<br />
com idéias que ditam o que ele deve escrever? Será que o aluno não possui uma visão<br />
pessoal sobre os fatos que devem direcio<strong>na</strong>r o seu escrito? Acreditamos que o aluno não é<br />
um “saco vazio” em que se devam depositar sementes para que se aflorem estereótipos ou<br />
robôs que executam funções predetermi<strong>na</strong><strong>da</strong>s. O aluno não é um ser que precisa ser guiado<br />
por rédeas ou regras que limitem a sua capaci<strong>da</strong>de de expressão ou que direcionem o seu<br />
intelecto para a seleção de argumentos e idéias. O método adotado pela professora faz com<br />
que o aluno se atrele às interpretações <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de evoca<strong>da</strong>s por ela, esterelizando-o para a<br />
<strong>produção</strong> de suas próprias interpretações. Fazer com que o aluno tenha subsídio para a<br />
re<strong>da</strong>ção não significa despejar sobre ele formas de pensar que estabeleçam uma ordem<br />
hierarquizante dos fatos a serem relatados como se fez. Isso, a nosso ver, esteriliza as<br />
imagi<strong>na</strong>ções mais férteis ape<strong>na</strong>s para satisfazer a fixação do automatismo rei<strong>na</strong>nte <strong>na</strong><br />
escola. Ao <strong>da</strong>r-se a atenção, como se fez, à forma e ao conteúdo (as idéias, a imagi<strong>na</strong>ção, a<br />
criativi<strong>da</strong>de do aluno), esqueceu-se que o aluno não deve ser um ser passivo, que ele pode,<br />
a partir do conhecimento sistematizado e adquirido, tomar partido frente aos diferentes<br />
pontos de vista apresentados, organizando-os, selecio<strong>na</strong>ndo-os, transformando-os e<br />
acrescentando a eles as suas próprias idéias, as suas próprias experiências. Essa facilitação<br />
<strong>da</strong> <strong>aprendizagem</strong> para o uso <strong>da</strong> escrita, delimitando a capaci<strong>da</strong>de de expressão dos alunos,<br />
só pode, então ser vista como uma deficiência no <strong>ensino</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong> <strong>textual</strong>. Como<br />
conseqüência, o aluno não consegue sentir que o seu texto é uma opção de comunicação<br />
escolhi<strong>da</strong> para estabelecer contato com os outros e com o mundo. O seu texto, só pode ser<br />
sentido como um requisito formal para apreciação avaliativa e, que, para isso, basta se<br />
limitar a um modelo imposto pela professora ou pelo livro didático.<br />
Como sugestão, que tal, por exemplo, se os alunos fossem convi<strong>da</strong>dos a<br />
escreverem essas <strong>na</strong>rrativas fantásticas para que fossem confeccio<strong>na</strong>dos livrinhos com<br />
ilustrações e as histórias fossem conta<strong>da</strong>s, por eles, para as crianças de uma creche, através<br />
de uma visita previamente determi<strong>na</strong><strong>da</strong> pela professora?