o ensino/aprendizagem da produção textual na quinta série
o ensino/aprendizagem da produção textual na quinta série
o ensino/aprendizagem da produção textual na quinta série
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
escrito dos alunos, mediante a preocupação <strong>da</strong> escola em inserir, em seu programa<br />
pe<strong>da</strong>gógico, o <strong>ensino</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong> de textos escritos e em tentar minimizar as deficiências<br />
escritas dos alunos.<br />
Soares (1991) desenvolve uma extensa discussão sobre as ideologias que<br />
penetram as justificativas do fracasso do aluno. Para ela, a maioria <strong>da</strong>s afirmações que<br />
responsabilizam o aluno pelo seu fracasso escolar, entremea<strong>da</strong> aí, a sua capaci<strong>da</strong>de de se<br />
expressar por escrito, tem seu suporte em algumas ideologias, como a ideologia <strong>da</strong><br />
“deficiência cultural” e a ideologia <strong>da</strong> “deficiência lingüística” cria<strong>da</strong>s e desenvolvi<strong>da</strong>s,<br />
como nos mostra a autora, pelos sociólogos e, sobretudo, psicólogos. Da obra de Soares -<br />
“Linguagem e Escola - uma perspectiva social” (1991), retiramos, sucintamente, as<br />
explicações dessas ideologias, que subjazem teorias critica<strong>da</strong>s pelos lingüistas e<br />
sociolingüistas por sua improprie<strong>da</strong>de científica. Na “ideologia <strong>da</strong> deficiência cultural”, a<br />
causa do fracasso escolar dos alunos provenientes <strong>da</strong>s classes desfavoreci<strong>da</strong>s se deve à<br />
pobreza não só do ponto de vista econômico (privação alimentar, subnutrição) que afeta a<br />
capaci<strong>da</strong>de de <strong>aprendizagem</strong>, mas também do ponto de vista cultural (ausência de situações<br />
de interação e comunicação, de contato com objetos culturais e experiências varia<strong>da</strong>s), que<br />
acarretam deficiências afetivas, cognitivas e lingüísticas e fazem dele um carente, um<br />
“deficiente”. Na ideologia <strong>da</strong> “deficiência lingüística”, considera-se que as crianças <strong>da</strong>s<br />
cama<strong>da</strong>s populares possuem uma linguagem deficiente porque são falantes de um dialeto<br />
não-padrão e, portanto, cognitivamente deficientes pela não adequação <strong>da</strong><br />
lógica <strong>da</strong>s estruturas do dialeto de prestígio. Segundo Soares (op.cit.:38), esses conceitos<br />
são ineficazes porque ambos ignoram a causa essencial dos problemas e revelam “a<br />
ignorância de especialistas de outras áreas de conhecimento a respeito <strong>da</strong>s ciências <strong>da</strong><br />
linguagem, particularmente a respeito <strong>da</strong> Sociolingüística”. Para ela (ibid.:68-69), a crise<br />
no <strong>ensino</strong> <strong>da</strong> língua é originária <strong>da</strong> escola e não do aluno:<br />
94<br />
Não se tendo reformulado para seus novos objetivos e sua nova<br />
função, a escola é que vem gerando o conflito, a crise, que é<br />
resultado de transformações quantitativas - maior número de<br />
alunos - e, sobretudo, qualitativas - distância cultural e lingüística<br />
entre os alunos a que ela tradicio<strong>na</strong>lmente vinha servindo e os<br />
novos alunos que conquistaram o direito de também serem por ela<br />
servidos. A escola não se reorganizou, diante dessas