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Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

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devem ser seguidos rigorosamente por cada professor. A fim de<br />

controlar a retransmissão, todos os órgãos locais devem mandar para<br />

o órgão central o dia, a hora e o local em que acontecerá o crucial<br />

momento da retransmissão, pois, afinal, aí está a chave do sucesso.<br />

Presentes a esse evento estarão um ou mais representantes do órgão<br />

central, onde depois, se reunirão todos os observadores para<br />

avaliarem a qualidade da retransmissão e, por qualidade, entende-se<br />

a repetição fiel do que foi recebido. (GARCIA, 1982, p. 52).<br />

Em contrapartida a essa concepção, a autora manifesta que é preciso que a<br />

escola capte o mundo dos alunos “[...] em toda sua complexidade e diversidade [...]” e<br />

pare de denominar “[...] aqueles alunos que trazem uma cultura diferente da sua de<br />

‘carentes’ [...]”. (GARCIA, 1982, p. 52). Assim, seu texto reitera em diversos momentos<br />

a necessidade de a escola ligar-se ao cotidiano: “[A orientação educacional] deveria<br />

influir para que a realidade vivencial do aluno, da qual faz parte o trabalho,<br />

impregnasse o planejamento curricular.”; “Em nenhum momento o mundo do aluno<br />

penetra nos muros da escola.” (GARCIA, 1982, p. 52). O tema da necessidade de se<br />

valorizar o cotidiano do aluno seria, nos anos seguintes, um dos pontos mais<br />

repetidos pelo discurso construtivista.<br />

O texto também faz críticas ao professor como agente do ensino, como se seu<br />

papel de ensinar fosse, além de distante das necessidades dos indivíduos, despótico e<br />

impositivo:<br />

O aluno não é sujeito do conhecimento. Conhecimento é o da escola, o<br />

do professor que tem o poder de decidir o que deve ser ensinado, o<br />

que é importante ser aprendido, sem ser levado em consideração o<br />

que para o aluno é significativo, o que lhe facilitará resolver as<br />

situações desafiadoras que a vida constantemente lhe coloca, o que<br />

poderá ser útil para sua libertação [...]. Esse conhecimento,<br />

autoritariamente imposto, dissociado de sua realidade objetiva é<br />

apresentado como bom e certo e o que ele tem [o aluno], a partir de<br />

sua vivência não é reconhecido, logo não é bom, não é importante.<br />

(GARCIA, 1982, p. 52).<br />

Tem-se aqui a presença de outro elemento da retórica construtivista: a<br />

apreciação negativa do ensino como transmissão de conhecimento do professor para<br />

o aluno, conforme já assinalamos anteriormente.<br />

Nessa linha, Garcia valoriza experiências de educação informal, contribuindo<br />

para a descaracterização do professor e da escola: “Ninguém reflete sobre o sucesso

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