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Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

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No entanto, as mães têm necessidade de ensinar o filho em casa e atrapalham um<br />

pouco.” (SÃO PAULO, 1987, p. 37). Por que será que as mães “atrapalham” a<br />

escolarização de seus filhos? Para Saviani (2004, p. 49), os pais das crianças da classe<br />

trabalhadora tem consciência da importância da escola porque eles mesmos viveram<br />

139<br />

[...] um conjunto de experiências que mostram que os estudos fazem<br />

falta, percebem que seus filhos, que não viveram essas experiências,<br />

compreensivelmente não têm consciência dessa necessidade.<br />

Entendem, porém, que os professores, sim, não só por experiência<br />

mas por dever de ofício, devem saber o que é importante que seus<br />

filhos aprendam para viver na sociedade atual.<br />

Assim, os pais cobram a aprendizagem de seus filhos e quando esta não<br />

ocorrem, se lançam ao desafio de tentar suprir o que as crianças não estão recebendo<br />

na escola e com isso “atrapalham” o processo de formação de seus filhos...<br />

Por último, afirma a professora Luiza (São Paulo) que as crianças “[...] estão<br />

conscientes de que a aprendizagem vai ocorrer, que depende de vontade e espera,<br />

mas que o dia de todos chegará.” (SÃO PAULO, 1987, p. 36). Essa afirmação mostra<br />

uma concepção na qual o processo de ensino está totalmente separado do conteúdos<br />

do conhecimento e de sua aprendizagem. Dessa forma, coerentemente com os<br />

postulados construtivistas, por um lado se impede os indivíduos de se apropriarem<br />

do patrimônio humano genérico, consolida-se a naturalização das classes sociais e<br />

por outro, desvaloriza-se o professor e atribui-se ao indivíduo a responsabilidade por<br />

seu sucesso ou fracasso. Por isso Martins (2004, p. 65) afirma que deixar o conteúdo<br />

da aprendizagem em segundo plano “[...] em nome de um apologético ‘aprender a<br />

aprender’ [...]” significa dar ao processo educativo conotações subjetivas, cujo<br />

resultado será “[...] a individualização do conhecimento, a naturalização das<br />

desigualdades e a cruel responsabilização do indivíduo por aquilo que suas condições<br />

objetivas de vida não lhe permitiram, no que se inclui uma educação escolar de<br />

qualidade”.<br />

Encerramos assim a discussão sobre o governo Quércia, que será substituído<br />

por Luiz Antonio Fleury Filho, também do PMDB, o qual abordaremos no próximo<br />

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