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Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

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Para que a relação seja modificada e não seja mais simplesmente externa, é<br />

preciso que a criança tenha percorrido os caminhos da “pré-história da escrita”,<br />

efetuando tentativas de assimilar os mecanismos desse instrumento cultural. As<br />

diferentes etapas que apresentamos e as necessárias intervenções em cada uma delas<br />

é que possibilitará ao aluno essa internalização. Ademais, em toda essa trajetória, a<br />

condução tem que se dar no sentido de fazer com a criança e não para ela, pois “[...]<br />

não é a compreensão que gera o ato, mas muito mais o ato que produz a compreensão<br />

[...]” (LURIA, 2006, p. 188).<br />

As ações do professor, diante das primeiras conquistas do aluno em relação à<br />

escrita, devem complexificar ainda mais esses domínios por meio da proposição de<br />

situações de leitura e escrita com um nível de exigência maior do que o anterior. Se<br />

antes o educador lhe dava tarefas de “frases enigmáticas”, por exemplo, nas quais o<br />

desenho deveria ser substituído por palavras, agora o aluno deve receber frases e<br />

pequenos textos com lacunas para completar sem a referência do desenho. Com isso,<br />

exige-se da criança que ela compreenda a frase proposta e a complete a partir de seu<br />

repertório 33 .<br />

Outra consideração importante refere-se à introdução dos morfemas 34 a partir<br />

dos primeiros domínios de grafemas e fonemas, pois ao compreender essas relações,<br />

o aluno reduz expressivamente o número de regularidades das quais terá que se<br />

apropriar, bem como suas regras para transformar as palavras. (DAVÍDOV, 1988).<br />

Exemplifiquemos com a palavra CASA. Ela é formada por quatro letras,<br />

grafemas e fonemas. Ao escrever CASEBRE, se o aluno souber que o morfema lexical 35<br />

é CAS, não terá dificuldade em variar o morfema gramatical 36 sem ter dúvidas sobre o<br />

uso do “s” ou “z”. Exercícios dessa natureza devem ser propostos aos alunos, primeiro<br />

com ajuda e depois com maior grau de dificuldade, seja pela independência na<br />

33 Ressalte-se sempre que utilizar o repertório do aluno não significa restringir suas<br />

expressões ao cotidiano ou ao que o aluno já domina, mas sim ter em vista a ampliação do<br />

repertório por meio da apreensão da cultura.<br />

34 Os morfemas são unidades mínimas de significação. (CAMARA JR, 1986).<br />

35 Morfema lexical é o núcleo de significação do vocábulo, denominado radical (Ex: BRAN-co,<br />

BRAN-cura, BRAN-quear).<br />

36 Morfema gramatical é a parte do vocábulo que varia de acordo com a significação específica<br />

do vocábulo (Ex: com-ER, com-IDA, com-ILANÇA etc.).<br />

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