Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
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Assim, no modelo construtivista, com o mínimo de interferência do professor e<br />
de qualquer tipo de transmissão que, por exemplo, organize o currículo escolar, diz o<br />
pesquisador suíço: “A ‘escola ativa’ baseia-se na ideia de que as matérias a serem<br />
ensinadas à criança não devem ser impostas de fora, mas redescobertas pela criança<br />
por meio de uma verdadeira investigação e de uma atividade espontânea” (PIAGET,<br />
1998b, p. 42), pois se “[...] o objetivo da educação é formar seres autônomos, então o<br />
ensino baseado na transmissão oral e na autoridade deve ser abolido.” (PARRAT-<br />
DAYAN e TRYPHON, 1998, p. 12, grifo nosso).<br />
Para Piaget, toda forma de transmissão seria coerção do adulto, que por seu<br />
prestígio, levaria a criança a aceitar incondicionalmente suas posições. Para este<br />
autor, o grupo (outras crianças) teria muito mais a contribuir do que o professor.<br />
Nesse sentido, ele alega que o professor teria dificuldade em atender a todos (então o<br />
problema não estaria na ação do professor em si) e atrapalharia a confiança do aluno<br />
em si mesmo, ocasionando ou sedimentando suas dificuldades. Isso pode ser<br />
verificado no texto “Observações psicológicas sobre o trabalho em grupo”, escrito em<br />
1935, no qual o pesquisador suíço afirma que:<br />
72<br />
Muito frequentemente, com efeito, o mau aluno que não consegue<br />
ceder diante do professor (porque o amor próprio da criança está<br />
comprometido, porque a fonte de sentimento de inferioridade é o<br />
adulto, ou por qualquer outra razão) vê-se tão naturalmente<br />
requisitado num grupo de trabalho que suas inibições desaparecem<br />
pouco a pouco. (PIAGET, 1998c, p. 147).<br />
Coll (1996), discutindo sobre a construção do conhecimento na escola, entende<br />
que o construtivismo se organiza em torno de três ideias fundamentais sobre o<br />
processo de ensino e aprendizagem: 1) em última instância, o aluno é o responsável<br />
por sua aprendizagem; 2) na escola, o conhecimento que já foi elaborado deve ser<br />
reconstruído pelo aluno por meio de sua interação com os objetos de conhecimento<br />
dependendo de seus interesses sobre quais conhecimentos vai adquirir; 3) visto que<br />
o conhecimento a ser adquirido é pré-existente, o professor deverá desempenhar o<br />
papel de orientador, para que o aluno se aproxime da representação social existente<br />
relativa aquele conhecimento. Sua função é “[...] encadear os processos de construção<br />
do aluno com o saber coletivo culturalmente organizado” (COLL, 1996, p. 396, grifo<br />
do autor). A princípio pode parecer que para este autor há uma visão talvez mais