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Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

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sua escrita não apresente diferenças externas, a maneira de disposição dos registros<br />

auxilia a rememorar, ou seja, começa a existir um rabisco que tem função auxiliar de<br />

um signo e que, portanto, tem uma técnica mais aprimorada 31 e que foi conquistada<br />

pelo estímulo dado pelo signo.<br />

A necessidade de fazer diferenciações leva a criança a primárias formas de<br />

representação do signo, inventando maneiras de estabelecer vínculos entre sua<br />

escrita e o que ela representa. Uma dessas maneiras está ligada a um reflexo do ritmo<br />

da frase pronunciada com o ritmo das marcas gráficas. Um exemplo de Luria ilustra<br />

essa situação.<br />

44<br />

Demos a Lyuse, quatro anos e oito meses de idade, um certo número<br />

de palavras: mamãe, gato, cachorro, boneca. Ela anotou todas com os<br />

mesmos rabiscos, que não diferiam uns dos outros. A situação mudou<br />

consideravelmente, todavia, quando lhe demos também longas<br />

sentenças com palavras individuais: 1) Menina; 2) Gato; 3) Zhorzhik<br />

está patinando; 4) Dois cachorros estão caçando o gato; 5) Há muitos<br />

livros na sala e a lâmpada está queimada; 6) Garrafa; 7) Bola; 8) O<br />

gato está dormindo; 9) Nós brincamos o dia inteiro, depois jantamos<br />

e, em seguida, voltamos a brincar outra vez. Na escrita que a criança<br />

produziu então, as palavras individuais foram representadas por<br />

pequenas linhas, mas as sentenças longas foram “escritas” como<br />

voltas complicadas; e quanto maior a sentença, mais longa a volta<br />

escrita para expressá-la. (LURIA, 2006, p. 162).<br />

Apesar desse recurso de refletir o ritmo da frase apresentar um avanço, ele<br />

ainda não atende a função de marcar graficamente um conteúdo. Com a introdução de<br />

elementos como quantidades, cores, tamanhos e formas, a atividade gráfica passa a<br />

expressar pela primeira vez uma relação entre signo e significado e servir de recurso<br />

auxiliar da memória. Poderíamos imaginar uma situação para exemplificar esta<br />

mudança de atividade gráfica. Pede-se à criança que escreva, a fim de lembrar<br />

posteriormente, as seguintes frases: 1) O gato tem quatro patas (a criança faz 4<br />

marcas); 2) A noite é escura (a criança faz um risco bem forte com o lápis); 3) Dois<br />

olhos e um nariz (a criança faz 3 marcas); 4) Uma árvore grande e uma pequenina<br />

(a criança faz 2 marcas, sendo uma maior que a outra). Assim o aluno estaria fazendo<br />

31 Ainda que externamente sejam rabiscos, como na fase pré-instrumental, pode-se considerar<br />

que a técnica foi aperfeiçoada porque exerce agora uma função específica.

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