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Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

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fato de que se trata de uma pedagogia burguesa e, como tal, desconsidera<br />

inteiramente a existência da luta de classes e suas implicações para a produção e<br />

distribuição social do conhecimento, da mesma forma que transforma o<br />

conhecimento ensinado na escola em algo destituído de historicidade. Mas não foi por<br />

essa razão que a escola tradicional passou, no final do século XIX e início do século XX,<br />

a ser alvo das críticas dos defensores da “nova pedagogia”. Tais críticas têm sua<br />

origem social no fato de que a burguesia precisava recompor sua hegemonia<br />

(SAVIANI, 2008). Ao se consolidar no poder, os interesses burgueses não são mais<br />

aqueles de transformação da sociedade, mas sim de sua perpetuação. Dessa forma, a<br />

escola tradicional não atende mais aos anseios da burguesia 41 e com isso torna-se<br />

necessário articular ideologicamente a escola a uma perspectiva não mais centrada na<br />

socialização do conhecimento objetivo sobre a realidade natural e social, mas sim a<br />

uma concepção da escola como espaço de respeito à individualidade, à atividade<br />

espontânea e às necessidades da vida cotidiana dos indivíduos. Esse vínculo entre a<br />

crítica à escola tradicional feita pela escola nova e os interesses historicamente<br />

mutantes da burguesia é assinalado por Snyders (1974, p. 7) da seguinte forma: “[...]<br />

os poderes não gostam do ensino tradicional, desconfiam e orientam os professores<br />

para a pedagogia nova.” Essa pedagogia que legitima a diferença entre os homens, a<br />

pedagogia da existência,<br />

56<br />

[...] vai contrapor-se ao movimento de libertação da humanidade em<br />

seu conjunto, vai legitimar as desigualdades, legitimar a dominação,<br />

legitimar a sujeição, legitimar os privilégios. [...] Nesse momento, a<br />

classe revolucionária é outra: não é mais a burguesia, é exatamente<br />

aquela classe que a burguesia explora. (SAVIANI, 2008, p. 34).<br />

41 Não deve ser esquecido, a esse respeito como também em relação a outros aspectos da luta<br />

ideológica em torno à escola, que a burguesia e seus intelectuais fazem uma nítida distinção<br />

entre a educação para a classe trabalhadora e a educação para os filhos da burguesia. O<br />

projeto da escola tradicional, de ensinar tudo a todos deixou de interessar à burguesia no que<br />

se refere à educação para a classe trabalhadora, mas a burguesia não abdicou do ensino do<br />

conhecimento clássico aos herdeiros do poder econômico e político.

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