13.06.2013 Views

Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

65<br />

meio ambiente que lhes tocou viver e no qual devem sobreviver. O<br />

conhecimento não resulta de um esforço por representar<br />

corretamente a realidade para então transformá-la, mas sim da<br />

adaptação ao meio tal como ele é. Não podemos deixar de perguntar:<br />

nessa perspectiva, o que ocorre com os indivíduos quando eles não se<br />

encaixam no meio social imediato, tal como este se apresenta a esses<br />

indivíduos e em particular num contexto social de relações sociais<br />

alienadas e alienantes? Essa pergunta é aqui puramente provocativa<br />

pois ela não tem sentido no escopo do construtivismo radical, já que<br />

respondê-la significaria admitir a possibilidade de afirmar algo sobre<br />

o que a realidade é (por exemplo, afirmar que a realidade da<br />

sociedade capitalista é alienada e alienante) e tal possibilidade é<br />

negada pelo construtivismo radical.<br />

Nesse sentido, a recusa do construtivismo em fazer afirmações sobre a<br />

realidade, essa atitude que transforma a verdade numa questão de construção<br />

subjetiva, resulta por si mesma, numa aceitação da realidade fetichizada da sociedade<br />

capitalista contemporânea. Ao pretender nada dizerem sobre a realidade, os<br />

construtivistas acabam por deixarem que a realidade alienada se apresente como a<br />

única alternativa possível à vida humana.<br />

Vejamos algumas manifestações, no campo pedagógico, dessa problemática<br />

concepção construtivista do que sejam o conhecimento e a realidade.<br />

Em texto publicado pela Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas em<br />

1991, Carlos Franchi analisa as relações entre criatividade e gramática numa<br />

perspectiva que chamaríamos de construtivista, embora o próprio autor não a<br />

nomeie 49 . Franchi inicia sua reflexão sobre esse tema abordando as contribuições e os<br />

limites dos escolanovistas:<br />

Já desde o início do século, educadores e filósofos da educação foramse<br />

a pouco e pouco afastando de uma didática conteudista e<br />

informativa e de uma psicologia sensu-empirista, baseada sobretudo<br />

no dado e no transmissível, no estabelecido e na herança, para<br />

reconhecer a função ativa do pensamento (e da linguagem) e o papel<br />

49 Revah (2006) discute a questão da articulação do construtivismo a um discurso crítico na<br />

década de 1980 e analisa a costura dele com Piaget e Emília Ferreiro na revista Nova Escola,<br />

publicada a partir de 1986. Nesse ano, a revista relatou experiências do Grupo de Estudos<br />

sobre o Ensino da Matemática de Porto Alegre (GEEMPA), que já estava nas publicações da<br />

SEE em 1985, como veremos no capítulo 3. O nome Emilia Ferreiro toma primeiro plano nas<br />

publicações da revista Nova Escola a partir de 1989, sendo citado em pelo menos uma<br />

matéria de todos os números desse ano.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!