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Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

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existência de uma evolução mental (que deve adequar o substrato intelectual de cada<br />

idade) e a importância de se levar em conta interesses e necessidades.<br />

Em relação ao primeiro fator, Lino de Macedo, em seu livro “Ensaios<br />

construtivistas”, confirma que o professor pode interferir na construção do<br />

conhecimento pela criança, mas que isso não poderá ultrapassar seu<br />

desenvolvimento conquistado. Segundo ele,<br />

70<br />

[...] a intervenção [do professor] é favorável, mas depende do nível de<br />

desenvolvimento da criança quanto àquela noção. Em outras<br />

palavras, a aprendizagem depende do desenvolvimento. Exercícios,<br />

discussões, estabelecimento de conflitos etc. contribuem para o<br />

desenvolvimento das estruturas, mas não tem o poder de estabelecêlas<br />

sem levar em conta as possibilidades prévias da criança.<br />

(MACEDO, 1994, p. 134).<br />

E como se naturaliza a aprendizagem que será maior para uns do que para<br />

outros? Podemos citar a emblemática justificativa apresentada pelo Ministério da<br />

Educação no “Programa de Formação de Professores Alfabetizadores” (PROFA), que<br />

em seu documento de apresentação, ao tentar explicar por que não se consegue<br />

alfabetizar todas as crianças, afirma que é preciso respeitar e valorizar a diversidade<br />

de saberes, pois<br />

Enquanto as crianças oriundas de famílias que fazem uso sistemático<br />

da escrita e da leitura passam a primeira infância aprendendo coisas<br />

desse tipo, em suas casas, com seus pais, tios e avós, as crianças<br />

privadas destas experiências estão aprendendo o que seria<br />

impensável a uma criança pequena de classe média e alta: cozinhar<br />

para os irmãos menores, dar banho sem derrubá-los, acordar de<br />

madrugada para ir trabalhar na roça, ou na rua, vendendo objetos<br />

nos sinais de trânsito… As primeiras ocupam seu tempo<br />

desenvolvendo procedimentos que as farão se alfabetizar muito<br />

cedo; as últimas, por sua vez, estão desenvolvendo outros<br />

procedimentos relativos a suas experiências cotidianas: portanto o<br />

repertório de saberes é outro, é outra a bagagem de vida, como se<br />

dizia há algum tempo. Em outras palavras, algumas crianças não<br />

aprendem a ler e escrever aos seis ou sete anos pela mesma razão<br />

que as outras não aprendem a cozinhar, lavar, passar, cuidar da casa,<br />

carpir o roçado e desviar-se dos carros na rua. (BRASIL, 2001, p. 15).

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