Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
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Finalmente, o texto de Lucíola Licínio de Castro Paixão Santos e Antonio Flavio<br />
Moreira (1998), intitulado “Currículo: questões de seleção e de organização do<br />
conhecimento” (1998) historiciza as discussões sobre currículo, situando a Nova<br />
Sociologia da Educação, seus principais representantes e suas contribuições para o<br />
campo do currículo. Em seguida, os autores apresentam sua compreensão sobre o<br />
conhecimento, asseverando que ele “[...] é concebido como uma construção social, o<br />
que significa dizer que é o produto da concordância e do consentimento de indivíduos<br />
que vivem em determinadas relações sociais [...]”. (SANTOS e MOREIRA, 1998, p. 51).<br />
Também enfatizam que a qualidade e a relevância da educação estão ligadas a<br />
[...] capacitar uma pessoa a se mover do estado de viver de forma<br />
relativamente restrita seu mundo cotidiano até tornar-se um sujeito<br />
razoavelmente ativo na mudança de seu ambiente, o que requer uma<br />
compreensão acurada da realidade na qual está inserido. (SANTOS e<br />
MOREIRA, 1998, p. 52).<br />
Como podemos verificar, o que os textos dessa coletânea têm em comum é a<br />
valorização de uma educação que represente as “pessoas comuns”, tendo seus<br />
saberes aquilatados e seus interesses contemplados. O currículo, nos estudos pós-<br />
críticos, questiona o saber dominante, que define a priori “o que ensinar” e coloca em<br />
evidência a discussão “por que ensinar este e não aquele conteúdo”? Entretanto,<br />
enquanto para a pedagogia histórico-crítica essa questão se coloca como<br />
determinante para selecionar o conteúdo mais necessário a ser transmitido,<br />
conforme assinalado por nós no capítulo 1, para o pensamento pós-crítico, não se<br />
trata de universalizar um conteúdo como mais importante que outro, mas sim,<br />
questionar o que é mais importante em cada contexto, ou seja, levando em conta as<br />
especificidades de cada sujeito/grupo.<br />
Ao se postular uma convivência com as diferenças e assim traduzir o currículo<br />
escolar, o que na realidade se esconde, como já afirmamos no capítulo 2, é a<br />
acentuação da exclusão, pois ela legitima uma sociedade marcada pelas relações de<br />
exploração. Ao considerar a impossibilidade ou inadequação de uma cultura<br />
universal, os indivíduos ficam reduzidos a conhecer particularidades de “seu mundo”,<br />
isto é, suas práticas sociais se limitam às expressões cotidianas e assim, o currículo<br />
escolar fica esvaziado, porque se volta às objetivações em-si.