Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
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próprio processo criativo.” (ABRAMOVICH, 1982, p. 7). Em outro fragmento, afirma<br />
que o aprofundamento do conhecimento deve advir do interesse de cada um,<br />
devendo ser comum a todos no espaço escolar o oferecimento de experiências que<br />
permitam aos indivíduos decidirem por si o que desejam conhecer mais, ficando a<br />
cargo de cada um buscar essa especialização.<br />
122<br />
Por que simplesmente, não se proporciona [sic] na escola (seja qual<br />
for e seja qual for a idade dos alunos) experiências vitais,<br />
significativas, ricas, esclarecedoras e por isso, criativas? Por que não<br />
se detona um processo simples, espontâneo, lúdico, expressivo e<br />
quem quiser, vá depois, procurar um especialista nisto ou naquilo...<br />
(ABRAMOVICH, 1982, p. 7).<br />
Destarte, a autora desconsidera que a classe trabalhadora não tem a<br />
oportunidade de “ir atrás” dessa especialização porque está alheada da riqueza<br />
humana material e espiritual. No texto em pauta a autora parece não se dar conta de<br />
que as condições sociais objetivas se sobrepõem ao desejo dos indivíduos da classe<br />
trabalhadora de buscarem oportunidades de modificar a trajetória de sua história<br />
pessoal. Nessa perspectiva idealista, tudo acaba sendo reduzido a uma questão de<br />
motivação pessoal subjetiva.<br />
O texto apela ainda, para a subjetividade e tenta seduzir pelo modelo do prazer<br />
e da felicidade diante de uma “nova” postura que secundariza o papel do educador.<br />
Porque o adulto-professor quando se depara com uma experiência<br />
educativa em que ele é respeitado enquanto gente, que as suas<br />
respostas são questionadas por ele e pelo grupo que está crescendo<br />
junto com ele (e não pela autoridade sacrossanta do professor),<br />
quando se volta para se descobrir e assim descobre junto suas<br />
potencialidades, suas coisas perdidas, seus lados amputados, seu<br />
grito sufocado, seu humor insuspeito, sua agressividade que julgava<br />
tão bem escondida, seu movimento harmonioso, seu texto fluido, e<br />
mil outras coisas mais, se maravilha, se emociona e cresce!<br />
(ABRAMOVICH, 1982, p. 7).<br />
Rossler (2006) mostra que um dos recursos de sedução empregados pelo<br />
discurso construtivista é justamente o da centralidade atribuída ao prazer como<br />
característica indispensável às ações educativas não tradicionais: