Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
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colabore para a adequação e legibilidade dos textos dos alunos, levando em conta sua<br />
capacidade para aprender. Destarte,<br />
180<br />
O critério do que deve ser ou não ensinado é muito simples: apenas<br />
os termos que tenham utilidade para abordar os conteúdos e facilitar<br />
a comunicação nas atividades de reflexão sobre a língua, excluindo-se<br />
tudo o que for desnecessário e que costuma apenas confundir os<br />
alunos. (SÃO PAULO, 2006b, M3U7T6, p. 1)<br />
Entendendo que não é apropriado sobrecarregar os alunos “[...] com um<br />
palavreado sem função, justificado exclusivamente pela tradição de ensiná-lo” e<br />
assegurando que “[...] é possível ensinar concordância sem necessariamente falar em<br />
sujeito ou em verbo” (SÃO PAULO, 2006b, M3U7T6, p. 1), desponta no texto a<br />
compreensão de que se deve trabalhar com o que o aluno sabe, negociando com ele e<br />
seus colegas os diferentes pontos de vista para se chegar à resolução das tarefas de<br />
aprendizagem.<br />
A vinculação entre o que se deve ensinar e a “capacidade” para aprender, nos<br />
remetem aos postulados piagetianos de que a aprendizagem deve ser condizente com<br />
o desenvolvimento do indivíduo e não se sobrepor a ele. O entendimento de que erros<br />
ortográficos são apenas hipóteses construídas pelas crianças, que serão superadas<br />
conforme elas se desenvolvem, está presente nos estudos de Emília Ferreiro. Já<br />
apresentamos esses pressupostos no capítulo 2 e suas implicações para o processo de<br />
aprendizagem, destacando as consequências advindas da escolarização empobrecida<br />
a que são submetidos os “filhos do construtivismo”. Também já discutimos as<br />
implicações de “negociar significados”, particularizando as aprendizagens para<br />
diferentes grupos, consolidando desigualdades ao invés de promover a todos o acesso<br />
à cultura universal. Fizemos isso tanto no capítulo 2 como por meio das análises dos<br />
documentos da SEE de diferentes governos. Tendo em vista a especificidade desse<br />
texto que estamos analisando, retomaremos as discussões sobre a ortografia iniciadas<br />
no capítulo 2, apoiados em Sforni e Galuch (2006).<br />
Como explicam essas autoras, a apropriação de conceitos científicos exige que<br />
a consciência do indivíduo seja intencionalmente dirigida a eles. Assim, amparadas<br />
em Vigotski, Sforni e Galuch elucidam que conceitos cotidianos e científicos são<br />
diferentes (embora existam vínculos entre eles) e enquanto os primeiros são