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Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

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educação escolar, acabam por defender uma visão equivocada do que seja uma escola<br />

democrática. É nesse sentido que “[...] quando mais se falou em democracia no<br />

interior da escola, menos democrática foi a escola; e de como, quando menos se falou<br />

em democracia, mais a escola esteve articulada com a construção de uma ordem<br />

democrática.” (SAVIANI, 2008, p. 30).<br />

Nessas pedagogias, o critério de verdade se estabelece a partir daquilo que se<br />

julga mais adequado para cada indivíduo considerando suas práticas sociais<br />

(DUARTE, 2006c), as quais são, porém, reduzidas à vida cotidiana (DUARTE, 2007).<br />

Desta maneira, o currículo escolar perde referência de quais são os conteúdos a<br />

serem ensinados, pois deve voltar-se às objetivações em-si (DUARTE, 1999).<br />

Corroborando com a exaltação do cotidiano, Philippe Perrenoud (2000), ao<br />

discorrer sobre a pedagogia das competências, declarou em entrevista concedida à<br />

revista Nova Escola que as competências devem ser fruto da necessidade do dia-a-dia<br />

dos indivíduos e, como tal, não podem se tornar universais. Indaga o educador: “[...] o<br />

que sabemos verdadeiramente das competências que têm necessidade, no dia-a-dia,<br />

um desempregado, um imigrante, um portador de deficiência, uma mãe solteira, um<br />

dissidente, um jovem da periferia?” (PERRENOUD, 2000, p. 2). Estas colocações<br />

permitem observar que a defesa deste autor é a estagnação do indivíduo em suas<br />

condições de existência, devendo aprender de forma restrita somente o necessário<br />

para manter-se na condição de exploração em que se encontra. Na mesma entrevista,<br />

reforçando o entendimento de perpetuação da exploração, o educador também<br />

afirmou que<br />

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[...] dentre as crianças que têm chance de ir à escola somente alguns<br />

anos, uma grande parte sai sem saber utilizar as coisas que<br />

aprenderam [e que por isso] é preciso parar de pensar a escola<br />

básica como uma preparação para os estudos longos [que não se<br />

destinam a toda a sociedade, e assim garantir] uma preparação de<br />

todos para a vida. (PERRENOUD, 2000, p. 3, grifo nosso).<br />

Para essas pedagogias, portanto, a educação não está centrada em adquirir<br />

conhecimento (domínio de conteúdos), mas sim no processo de aprender a aprender.<br />

Os sujeitos são preparados para serem flexíveis e adaptáveis às necessidades do<br />

mercado; tornam-se dóceis aos desígnios do capitalismo; a exploração do homem

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