Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
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conceitos básicos da matemática, nos anos/séries iniciais, não exime o professor da<br />
classe da abordagem dos conteúdos das demais áreas do conhecimento” (SÃO PAULO,<br />
2008i), os conteúdos de ciências, história e geografia ficam secundarizados e perdem<br />
sua especificidade.<br />
187<br />
O desmonte do currículo também pode ser observado nas disciplinas de língua<br />
portuguesa e matemática, pois a retirada dos outros componentes não significou que<br />
agora os alunos tenham mais conteúdo das disciplinas que foram mantidas.<br />
Nesse sentido, devemos admitir que, ainda que as propostas curriculares da<br />
década de 1980 já estivessem fundamentadas no construtivismo e que isso tivesse<br />
prejuízo à formação dos alunos, havia naqueles documentos, um rol detalhado de<br />
conteúdos a serem abordados pelo professor. Para dar uma pequena ideia do que<br />
estamos afirmando, basta comparar a “Proposta curricular para o ensino de<br />
matemática” (SÃO PAULO, 1997c 126 ) e as atuais “Orientações Curriculares” (2008f).<br />
Enquanto a primeira tem cinquenta páginas destinadas à estruturação da proposta,<br />
com objetivos, conteúdos e comentários dirigidos ao professor sobre procedimentos<br />
didáticos para o tratamento dos mesmos, a segunda destina apenas nove páginas a<br />
essa área de conhecimento 127 , contemplando objetivos gerais, expectativas de<br />
aprendizagem e orientações didáticas para o ensino de matemática.<br />
Ao delimitar como “conteúdos”: números, operações, espaço e forma,<br />
grandezas e medidas e tratamento da informação e traçar os objetivos com base em<br />
habilidades 128 , fica em aberto o que exatamente será abordado em sala de aula. Mas<br />
nossas dúvidas não perseveram por muito tempo. Quando o documento “Orientações<br />
Curriculares” assinala que na 4ª série, em relação ao conteúdo “números”, os alunos<br />
devem ser capazes de “[...] escrever e comparar números racionais de uso frequente,<br />
nas representações fracionária e decimal” (SÃO PAULO, 2008f, p. 27, grifo nosso),<br />
evidencia-se – coerentemente com a pedagogia das competências, o construtivismo e<br />
outras variações das pedagogias do “aprender a aprender” adotadas pela SEE – o que<br />
se espera dos alunos. Podemos dar ainda outros exemplos. No conteúdo “operações”,<br />
a aspiração é que os educandos da 4ª série possam resolver adições, subtrações,<br />
126 Trata-se da 5ª edição, que atualizou a nomenclatura “1º grau” para “Ensino Fundamental”.<br />
127 O documento inteiro tem trinta e uma páginas.<br />
128 Confira SÃO PAULO, 2008f, p. 25-28.