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Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

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74<br />

excluir a possibilidade de se recorrer a experiências ou<br />

conhecimentos precedentes, ou seja, a de obrigar o espírito da<br />

criança a trabalhar sobre problemas completamente novos e<br />

inacessíveis, para poder estudar as tendências do seu pensamento de<br />

uma forma pura, absolutamente independente dos seus<br />

conhecimentos, da sua experiência e da sua cultura. (VIGOTSKII,<br />

2006, p. 104).<br />

Embora não possamos explorar aqui todas as consequências filosóficas,<br />

psicológicas e pedagógicas dessa separação entre conteúdo e forma postulada pelo<br />

construtivismo de Jean Piaget, precisamos ao menos assinalar duas. A primeira delas<br />

é a de que se as formas assumidas pelo conhecimento em sua gênese são<br />

independentes dos seus conteúdos concretos e se, mais do que independentes, são<br />

elas que constituem a universalidade do conhecimento, parece-nos quase inevitável<br />

que a própria realidade social seja convertida em processos puramente formais. A<br />

segunda é a de que do ponto de vista pedagógico, os conteúdos escolares são<br />

reduzidos a meios de desenvolvimento das formas de pensamento, o que acaba por<br />

produzir currículos escolares empobrecidos. Mas isso não parece ser um problema<br />

para o construtivismo na medida em que, como analisamos anteriormente, o<br />

relativismo é uma das características da epistemologia piagetiana e tal relativismo<br />

dispensa a escola da preocupação em assegurar que todos os alunos aprendam<br />

conteúdos de valor universal.<br />

<strong>Ana</strong>lisemos, para finalizar este item, a relação entre indivíduo e sociedade na<br />

teoria construtivista. Para tanto recorreremos a uma passagem particularmente<br />

esclarecedora do livro “Biologia e Conhecimento”:<br />

No terreno do conhecimento, parece evidente que as operações<br />

individuais da inteligência e as operações que asseguram a troca na<br />

cooperação cognoscitiva são uma só e mesma coisa, sendo a<br />

“coordenação geral das ações”, que temos continuamente invocado, a<br />

coordenação interindividual tanto quanto intraindividual, porque<br />

estas “ações” são ao mesmo tempo coletivas e executadas por<br />

indivíduos. [...] É por conseguinte uma questão desprovida de sentido<br />

perguntar se a lógica ou a matemática são na essência individuais ou<br />

sociais. O sujeito epistêmico que as constrói é ao mesmo tempo um<br />

indivíduo, mas descentrado relativamente ao seu eu particular, e o<br />

setor do grupo social, descentrado com relação aos ídolos coercitivos<br />

da tribo, porque essas duas espécies de descentrações manifestam as<br />

mesmas interações intelectuais ou coordenações gerais da ação que<br />

constituem o conhecimento. O resultado é então [...] que as formas<br />

mais gerais do pensamento que podem ser dissociadas de seus

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