Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
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por um lado, uma tendência a um cientificismo positivista e, por outro, a um<br />
relativismo subjetivista”. Segundo o autor:<br />
63<br />
A tendência, existente na obra piagetiana, a um cientificismo<br />
positivista pode ser constatada na oposição que Piaget estabelece<br />
entre a filosofia e a ciência no livro Sabedoria e Ilusões da Filosofia<br />
(PIAGET, 1969b) e na oposição que ele estabelece entre ciência e<br />
ideologia na obra Estudos Sociológicos (PIAGET, 1973, pp. 79-80).<br />
Piaget mostra-se positivista por identificar objetividade com<br />
neutralidade. Cabe aqui lembrar a argumentação de Dermeval<br />
Saviani (1997, pp. 66-68), quando este mostra que a identificação<br />
entre objetividade e neutralidade é uma armadilha criada pelo<br />
pensamento positivista, armadilha essa na qual caem aqueles que<br />
pretendem atacar o positivismo negando a possibilidade do<br />
conhecimento objetivo. Quanto ao relativismo subjetivista que seria<br />
outra tendência presente na obra Piaget, tal relativismo pode ser<br />
constatado, por exemplo, quando Piaget (1969a, p. 332), em seu livro<br />
Biologia e Conhecimento, procura responder à questão de como é<br />
possível a verdade, o conhecimento, recorrendo à afirmação de que o<br />
conhecimento é construção, por analogia ao processo de evolução<br />
dos seres vivos. Nesse sentido, o decisivo deixa de ser a questão de se<br />
um conhecimento é mais verdadeiro do que outro, mas sim a de se<br />
um conhecimento é mais desenvolvido, mais evoluído do que outro.<br />
A própria superação do egocentrismo cognitivo em Piaget não<br />
implica necessariamente a noção de abandono de um conhecimento<br />
menos verdadeiro e sua superação por um conhecimento que<br />
corresponda mais à realidade, mas sim a noção de que os indivíduos<br />
tornem-se capazes de coordenar os vários pontos de vista. (DUARTE,<br />
2000, p. 90).<br />
No plano pedagógico esse cientificismo positivista apresentava-se em Piaget,<br />
entre outras maneiras, por meio da separação entre meios e fins da educação.<br />
Segundo Duarte (2006c, p. 37-38):<br />
O mencionado posicionamento valorativo contido no lema “aprender<br />
a aprender”, que consiste em supervalorizar o método de<br />
conhecimento em detrimento do conhecimento como produto,<br />
articula-se também à ideia de que uma educação democrática não<br />
pode privilegiar uma determinada concepção ideológica, política etc.<br />
Uma educação democrática seria uma educação relativista. [...] No<br />
campo da educação moral Piaget também defendia essa concepção,<br />
defendendo uma educação moral na qual o mais importante seriam<br />
os procedimentos do que o conteúdo, pois a educação moral não<br />
deveria preocupar-se em transmitir valores morais ao indivíduo mas<br />
sim em oferecer condições para que esse indivíduo desenvolva a<br />
autonomia moral.