Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
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Sobre o segundo fator anteriormente levantado, Piaget defende uma escola<br />
que respeite os interesses da criança. Para tanto, se apoia na Escola Nova (ou Escola<br />
Ativa) identificando-se com ela, por exemplo, nesse posicionamento:<br />
71<br />
Como foi mostrado profundamente por Dewey, o interesse<br />
verdadeiro surge quando o eu se identifica com uma ideia ou um<br />
objeto, quando encontra neles um meio de expressão e eles se<br />
tornam um alimento necessário à sua atividade. Quando a escola<br />
ativa exige que o esforço do aluno venha dele mesmo sem ser<br />
imposto, e que sua inteligência trabalhe sem receber os<br />
conhecimentos já todos preparados de fora, ela pede<br />
simplesmente que sejam respeitadas as leis de toda inteligência.<br />
(PIAGET, 1998a, p. 162, grifo nosso).<br />
Podemos perceber que para referendar a teoria piagetiana, é preciso<br />
considerar a transmissão do conhecimento como algo nocivo, porque impediria o<br />
aluno de refletir por si, inviabilizando seu crescimento intelectual. Destarte, quanto<br />
menos se ensina, mais se aprende, como assevera Becker (1993, p. 71, grifo do autor):<br />
Quando um professor ensina um conteúdo aos seus alunos [...], ele<br />
atravessa todo o processo de construção do conhecimento<br />
obstruindo o processo de abstração reflexionante. Em nome da<br />
transmissão do conhecimento ele impede a construção das<br />
estruturas básicas de todo o conhecer, o a priori de toda a<br />
compreensão. É isto que Piaget quer dizer ao afirmar que toda vez<br />
que ensinamos algo à criança, impedimos que ela invente esta e<br />
tantas outras coisas.<br />
Da mesma forma, pautando-se pela defesa da experiência (interação sujeito-<br />
objeto), como forma de garantir a verdadeira aprendizagem, assinala Piaget:<br />
As melhores aulas continuarão sendo letra morta se não se apoiarem<br />
sobre a própria experiência, assim como a inteligência das leis da<br />
física é impossível sem a manipulação de um material concreto.<br />
Quanto à experiência da solidariedade, é necessário que a criança a<br />
refaça por si mesma, pois as experiências dos outros – no terreno<br />
espiritual ainda mais do que no terreno material – nunca instruíram<br />
ninguém e, por uma fatalidade da natureza humana, cada nova<br />
geração é convocada a reaprender o que os outros já tinham<br />
descoberto por conta própria. (PIAGET, 1998b, p. 66, grifo nosso).