Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
77<br />
desenvolve sobre a escrita e dos usos da língua escrita. Essas<br />
concepções determinam as diferenças na prática pedagógica e nos<br />
resultados que as crianças alcançam. [...] Um professor que se<br />
enquadre na segunda vertente [...] entende a alfabetização como a<br />
compreensão dos meios que a criança utiliza para representar a<br />
construção do seu conhecimento sobre a língua escrita. (BUARQUE,<br />
1990, p. 77-78).<br />
Essa formulação, segundo a qual a alfabetização seria “a compreensão do<br />
modo de construção do conhecimento” contém a valorização da forma de construção<br />
das “hipóteses” da criança sobre a escrita e seus usos em detrimento do ensino da<br />
escrita como um conteúdo escolar. Entendamos melhor a questão das hipóteses de<br />
escrita e a maneira como elas se dão no referencial construtivista.<br />
Ferreiro e Teberosky fundamentaram-se em Piaget para buscar a explicação<br />
sobre como a criança conquista a escrita. Para estas pesquisadoras, o sujeito<br />
cognoscente definido por Piaget é conceito fundamental para se compreender a<br />
aprendizagem da escrita. Assinalam as autoras:<br />
O sujeito que conhecemos através da teoria de Piaget é um sujeito<br />
que procura ativamente compreender o mundo que o rodeia, e trata<br />
de resolver as interrogações que este mundo provoca. Não é um<br />
sujeito que espera que alguém que possui um conhecimento o<br />
transmita a ele, por um ato de benevolência. É um sujeito que<br />
aprende basicamente através de suas próprias ações sobre os objetos<br />
do mundo, e que constrói suas próprias categorias de pensamento ao<br />
mesmo tempo que organiza seu mundo. (FERREIRO e TEBEROSKY,<br />
1985, p. 26).<br />
Tendo em vista a filiação teórica de Ferreiro e Teberosky às ideias piagetianas,<br />
não é de se surpreender que elas também entendam que a aprendizagem depende de<br />
como o indivíduo interpreta os estímulos recebidos, conforme suas disponibilidades<br />
assimilativas. Segundo elas,<br />
[...] um mesmo estímulo (ou objeto) não é o mesmo a menos que os<br />
esquemas assimiladores à disposição também o sejam. O que<br />
equivale a colocar o sujeito da aprendizagem no centro do processo,<br />
e não aquele que, supostamente, conduz essa aprendizagem (o<br />
método, na ocasião, ou quem o veicula). (FERREIRO e TEBEROSKY,<br />
1985, p. 27, grifo das autoras).