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Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

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Duarte (2006c) desenvolve uma análise dos fundamentos da epistemologia e<br />

da psicologia de Jean Piaget e mostra que o pesquisador suíço buscou na evolução da<br />

vida o modelo para encontrar uma referência para a verdade e a objetividade. Ele<br />

esclarece que Piaget considera que a verdade resulta da forma como se constrói o<br />

conhecimento e, portanto, de como o indivíduo organiza a realidade em sua mente.<br />

Dessa forma a objetividade é entendida não como correspondência do<br />

conhecimento à realidade objetiva, mas sim como uma capacidade de relativização do<br />

ponto de vista. Esse é o caminho, no interior da epistemologia piagetiana que leva à<br />

separação entre ontologia e epistemologia proposta por Von Glasersfeld, um dos<br />

autores que levaram às últimas consequências essa tendência ao relativismo<br />

existente em Piaget, defensor do autodenominado construtivismo radical. As teses de<br />

Glasersfeld foram analisadas criticamente por Duarte (2000), o qual mostra que<br />

Glasersfeld não apresenta o construtivismo radical como uma corrente dentro do<br />

construtivismo. Na verdade, ele defende a tese de que a epistemologia construtivista é<br />

necessariamente radical e que essa radicalidade estaria presente já na obra de Piaget.<br />

Nessa perspectiva, uma leitura correta da obra de Piaget revelaria necessariamente<br />

essa radicalidade, a qual consistiria na separação absoluta entre ontologia e<br />

epistemologia:<br />

64<br />

O construtivismo não formula declarações ontológicas. Não nos diz<br />

como é o mundo, só nos sugere uma maneira de pensá-lo e nos<br />

fornece uma análise das operações que geram uma análise a partir da<br />

experiência. Provavelmente, a melhor maneira de caracterizá-lo seja<br />

dizer que é a primeira tentativa séria de separar a epistemologia da<br />

ontologia. Na história de nossas ideias, a epistemologia (o estudo do<br />

que sabemos e como chegamos a sabê-lo) sempre esteve ligada à<br />

noção de que o conhecimento deva ser a representação de um mundo<br />

ontológico externo. O construtivismo procura prescindir de tal ideia.<br />

Exclui esta condição e afirma, em troca, que o conhecimento só tem<br />

que ser viável, adequar-se a nossos propósitos. Tem que cumprir<br />

uma função. Por exemplo, tem que se encaixar no mundo tal como o<br />

vemos, e não no mundo tal como deveria ser. (VON GLASERSFELD,<br />

1996, p. 82).<br />

Como afirma Duarte (2000, p. 95):<br />

As consequências ideológicas desse tipo de raciocínio são bastante<br />

sérias. O conhecimento humano resultaria, nesse caso, desse<br />

processo puramente casual, pelo qual os indivíduos se encaixam no

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