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Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

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mestre é consciente dos contrastes entre o tipo de sociedade e de<br />

cultura que ele representa e o tipo de sociedade e de cultura<br />

representado pelos alunos, sendo também consciente de sua tarefa,<br />

que consiste em acelerar e em disciplinar a formação da criança<br />

conforme o tipo superior em luta com o tipo inferior. (GRAMSCI,<br />

1982, p. 131).<br />

Segundo Snyders (1974, p. 17-18), para a escola tradicional, “[...] educar é<br />

propor modelos, escolher modelos, conferindo-lhes uma clareza, uma perfeição, em<br />

suma, um estilo que, através da realidade do dia a dia, não será possível atingir”.<br />

Defende o autor que o educando tome contato com as grandes produções da<br />

humanidade, sendo apresentado a “[...] obras, pensamentos elevados – o que não quer<br />

dizer que sejam os últimos ou definitivos, mas em todo caso, os primeiros e<br />

fundamentais.” (SNY<strong>DE</strong>RS, 1974, p. 17).<br />

Esses modelos garantem o progresso da aprendizagem, pois a cada vez que o<br />

aluno toma contato com eles, melhora seu domínio. Também em defesa dos modelos,<br />

o autor trata da originalidade afirmando que “[...] a criança torna-se um ser inédito e<br />

capaz de se exprimir dum modo inédito na medida em que o contato assíduo com os<br />

bons autores a subtrai à banalidade e à dispersão.” (SNY<strong>DE</strong>RS, 1974, p. 21).<br />

Para seus opositores, como alerta Duarte (2003), a transmissão do<br />

conhecimento transforma a escola num espaço de sofrimento para os alunos, pois<br />

aquilo que aprendem não faz sentido, não tem ligação com seu cotidiano, não lhes é<br />

imediatamente útil. Snyders (1974, p. 22) defende, assim como Duarte, que<br />

[...] o confronto da criança com os bons autores, com os modelos, em<br />

convívio com Pitágoras ou com V. Hugo, gera a alegria [...]. Não uma<br />

alegria qualquer, nem mesmo comparável aos prazeres habituais,<br />

mas uma espécie de plenitude que o invade, quando ele conseguiu<br />

abrir diálogo com um dos grandes.<br />

O autor ainda reitera a superação do cotidiano pela atividade escolar ao<br />

enfatizar que “[...] a criança sente-se crescer quando inicia o trabalho, pois vai<br />

aproximar-se dos grandes modelos. Por fim, a posse efetiva duma felicidade que os<br />

desejos habituais, a vida quotidiana não lhe teriam mesmo permitido suspeitar.”<br />

(SNY<strong>DE</strong>RS, 1974, p. 22).<br />

Reconhecer esses aspectos positivos da pedagogia tradicional não implica,<br />

porém, ignorar suas insuperáveis limitações, as quais decorrem principalmente do

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