Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
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Essas pesquisadoras acompanharam crianças de diferentes idades<br />
(inicialmente, de 4 a 6 anos) e em diferentes momentos da aquisição da escrita<br />
observando seus registros espontâneos e entrevistando-as segundo o que chamaram<br />
de “método de indagação”, inspirado no método clínico de Piaget. Os alunos deveriam<br />
escrever palavras desconhecidas, pois isso impediria que se utilizassem da memória<br />
para escrever alguma palavra já decorada e provocaria um problema a ser resolvido.<br />
Isso as colocaria em situação de conflitar seus esquemas com novas hipóteses que<br />
teriam que construir sobre a escrita. Não podemos deixar de mencionar que as novas<br />
hipóteses resultantes do conflito devem ser apenas apoiadas pelo professor.<br />
Conforme Azenha (1993, p. 90-91, grifo nosso), a psicogênese da língua escrita tem<br />
contribuição fundamental para o professor porque<br />
78<br />
[...] é a demonstração de que a aprendizagem da escrita tem um<br />
caráter evolutivo. A descrição dos padrões evolutivos configurados<br />
pelas hipóteses de aquisição comprova a existência de um<br />
desenvolvimento natural da escrita.<br />
As próprias Emília Ferreiro e <strong>Ana</strong> Teberosky consolidam esta ideia quando<br />
escrevem que “[...] existem processos de aprendizagem do sujeito que não dependem<br />
dos métodos [...]. O método (enquanto ação específica do meio) pode ajudar ou frear,<br />
facilitar ou dificultar, porém não criar aprendizagem.” (FERREIRO e TEBEROSKY,<br />
1985, p. 29, grifo das autoras).<br />
Inicialmente, as escritas da criança envolvem desenhos, números e letras 52 de<br />
forma aleatória. Ao compreender que a escrita representa simbolicamente as coisas, a<br />
criança avança. Isso ocorre de forma espontânea, como resultado de um conflito<br />
cognitivo que gera um novo esquema assimilativo e que é apenas acompanhado pelo<br />
professor. Para Ferreiro e Teberosky (1985, p. 32), a introdução de conflitos<br />
cognitivos requer “[...] detectar quais são os momentos cruciais nos quais o sujeito é<br />
52 A letra é a representação gráfica do fonema, sendo que um fonema pode ter: 1) mais de<br />
uma letra (como no caso das semivogais); 2) apenas uma letra para representar mais de um<br />
fonema (ex: táxi); 3) não ter correspondência sonora (como a letra “h” no início das palavras).<br />
(AMARAL, ANTÔNIO e PATROCÍNIO, s.d.).