Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
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O ensino por competências é a marca desse material, citando como nomes<br />
representativos “[...] de estudos internacionais Philippe Perrenoud, Edgar Morin,<br />
Michael Apple, J. Gimeno Sacristán, César Coll e Fernando Hernández e no âmbito<br />
nacional, Lino de Macedo, Maria Helena Souza Patto, Antonio Carlos Gomes da Costa,<br />
Heloísa Dantas.” (SÃO PAULO, 2003?, p. 2). Note-se que essa listagem de autores é um<br />
tanto heterogênea e que talvez alguns deles não concordassem em ter seus nomes<br />
associados a essa pedagogia 114 .<br />
Duarte (2003), ao analisar as pedagogias do “aprender a aprender” (nas quais<br />
se inclui a pedagogia das competências), afirma que elas contêm posicionamentos<br />
valorativos sobre o processo de ensino e aprendizagem, os quais já apresentamos no<br />
capítulo 2 115 e nos remetem a algumas ilusões sobre a “sociedade do conhecimento”.<br />
Segundo Duarte, a “[...] chamada sociedade do conhecimento é uma ideologia<br />
produzida pelo capitalismo”. Como tal, “[...] não deve ser tratada como algo inofensivo<br />
e de pouca importância por aqueles que busquem a superação [da] sociedade<br />
[capitalista].” (DUARTE, 2003, p. 13).<br />
Sintetizando as ilusões enunciadas por Duarte, podemos dizer que é um<br />
engano considerar que a sociedade atual possibilita amplo acesso ao conhecimento<br />
pelos meios de comunicação. Primeiro, porque é preciso diferenciar informação de<br />
conhecimento. Enquanto uma apenas nos participa fatos e, especialmente por meio<br />
da mídia, o esclarecimento é triado pelos interesses dos grupos dominantes, o outro<br />
exige aprofundamento, apropriações da ordem das objetivações para-si. Segundo,<br />
porque nem todos têm acesso sequer a informações, que dirá ao conhecimento!<br />
Exemplo disso é que no Brasil, cerca de 120 milhões de brasileiros não são usuários<br />
de internet, o que corresponde a aproximadamente 62% da população. (LANG, 2010).<br />
Outra ilusão seria a de que podemos apelar à consciência dos indivíduos para<br />
superar os grandes problemas da humanidade. (DUARTE, 2003). Nessa ilusão, nos<br />
aproximamos do que anteriormente vimos sobre a responsabilização do professor<br />
114 Para ilustrar a força da noção de competência presente nesse documento, verificamos que<br />
em trinta e nove páginas, esse termo aparece vinte e duas vezes, seja para se referir aos<br />
alunos, professores ou à própria gestão da Secretaria.<br />
115 Tem mais valor a aprendizagem espontânea, obtida sem transmissão de conhecimentos,<br />
assim como teria mais valor o processo de aquisição espontânea do conhecimento do que o<br />
seu produto e, por fim, a adaptação deve ser o objetivo precípuo da escola.