Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
130<br />
<strong>Ana</strong>lisaremos, sobre o governo Quércia, dois textos contidos na publicação da<br />
CENP “Isto se aprende com ciclo básico” (SÃO PAULO, 1987). O primeiro, de Madalena<br />
Freire, intitulado “Refletindo, praticando, vivendo com as crianças da Vila Helena” e o<br />
segundo, denominado “Alfabetização: uma nova didática? Relatos de professores sobre<br />
a implantação do CB e sua concepção teórica”. Esses textos compõem um material do<br />
“Projeto Ipê”, programa de atualização e aperfeiçoamento de professores e<br />
especialistas em educação por multimeios, propalado desde a administração anterior,<br />
que teve grande quantidade de material produzido e distribuído à rede. Também<br />
apresentaremos as propostas curriculares das diferentes áreas de conhecimento, no<br />
que se refere ao Ciclo I, objeto de nossa discussão, que foram implantadas nesse<br />
governo. Ainda está presente em nossa análise desse período o texto de Telma Weisz:<br />
“As contribuições da psicogênese da língua escrita e algumas reflexões sobre a prática<br />
educativa de alfabetização”, publicado pela SEE no ano de 1988, no documento “Ciclo<br />
básico em jornada única: uma nova concepção de trabalho pedagógico - recursos<br />
didáticos, sua utilização”.<br />
O texto de Madalena Freire, que relata sua experiência de trabalho na Vila<br />
Helena, periferia de São Paulo, explicita temas que seriam cada vez mais destacados<br />
na SEE, tais como a hipervalorização do conhecimento proveniente do cotidiano e o<br />
relativismo linguístico-cultural. Ela reproduz no texto a linguagem oral (com os erros<br />
de pronúncia, concordância etc.) e demonstra que seu planejamento é feito dia a dia,<br />
conforme os acontecimentos se dão. Para ilustrar, ela conta a exploração realizada<br />
com os alunos sobre um bicho vivo, a partir da problemática da morte observada e<br />
vivenciada pelas crianças.<br />
Na metodologia proposta pela autora, nada “[...] cai do céu [...]. Tudo tem seu<br />
significado, tem sua razão de ser, porque tudo é reflexão sobre a realidade, sobre a<br />
vida”. (FREIRE, 1987, p. 22). Madalena Freire afirma nessa proposta que não se pode<br />
pré-estipular os eixos do currículo e seus conteúdos. O educador deve saber o que vai<br />
desenvolver, mas “[...] o desafio é partir das situações significativas de vida do<br />
grupo. Pois caso contrário, o currículo não será expressão da vida, reflexão,<br />
aprendizagem, conhecimento, mas puro ato mecânico, alienado da ação real-<br />
transformadora de seus sujeitos.” (FREIRE, 1987, p. 23, grifo da autora).