13.06.2013 Views

Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

inverte no segundo caso. Segundo o autor, os professores, ao avaliarem<br />

negativamente o primeiro texto, estão pautados em uma concepção “normativa” de<br />

uso da língua, na qual a gramática “[...] é o conjunto sistemático de normas para bem<br />

falar e escrever, estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua<br />

consagrado pelos bons escritores.” (FRANCHI, 1991, p. 48). Em seguida, Franchi<br />

144<br />

apresenta outra concepção de gramática presente nas escolas, a “descritiva”, na qual o<br />

professor ensinaria explicitando aos alunos um conjunto de noções relacionadas à<br />

gramática, como: o que é sujeito, verbo, predicado, adjetivo, adjuntos etc. Assim,<br />

gramática seria<br />

[...] um sistema de noções mediante as quais se descrevem os fatos de<br />

uma língua, permitindo associar a cada expressão dessa língua uma<br />

descrição estrutural e estabelecer suas regras de uso, de modo a<br />

separar o que é gramatical do que não é gramatical. (FRANCHI, 1991,<br />

p. 52).<br />

Para Franchi, tanto a gramática normativa como a descritiva excluem a<br />

linguagem coloquial, como manifestação do sujeito popular, rejeitando suas<br />

expressões e impondo de forma elitista e preconceituosa o que deve ser valorado na<br />

língua.<br />

Em contraposição a essas práticas de abordagem da gramática, o autor<br />

apresenta outra noção, que parte do pressuposto de que a linguagem independe de<br />

fatores sociais, raça, cultura, classe social etc. Nessa concepção, gramática<br />

[...] corresponde ao saber linguístico que o falante de uma língua<br />

desenvolve dentro de certos limites impostos pela sua própria<br />

dotação genética humana, em condições apropriadas de natureza<br />

social e antropológica. [grifo nosso]. Saber gramática não depende,<br />

pois, em princípio da escolarização ou de quaisquer processos de<br />

aprendizado sistemático, mas da ativação e amadurecimento<br />

progressivo (ou da construção progressiva), na própria atividade<br />

linguística, de hipóteses sobre o que seja a linguagem e de seus<br />

princípios e regras. (FRANCHI, 1991, p. 54, grifo do autor).<br />

Assim, a gramática defendida por Franchi deve ser abordada como um<br />

processo de manifestação do indivíduo de acordo com os preceitos da comunidade<br />

linguística da qual ele participa. Apesar de mencionar que o objetivo da escola é levar

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!