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Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

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conteúdos, são, por isso mesmo, formas de troca cognoscitivas ou de<br />

regulação interindividual, ao mesmo tempo em que são tiradas do<br />

funcionamento comum, peculiar a toda organização viva. Sem dúvida,<br />

do ponto de vista psicogenético estas regulações interindividuais ou<br />

sociais (e não hereditárias) constituem um fato novo com relação ao<br />

pensamento individual, que sem elas fica exposto a todas as<br />

deformações egocêntricas, e são condição necessária para a formação<br />

do sujeito epistêmico descentrado. Mas do ponto de vista lógico estas<br />

regulações superiores não dependem menos das condições de toda<br />

coordenação geral das ações e vai assim ao encontro do mesmo<br />

fundo biológico comum. (PIAGET, 2000, p. 406-407).<br />

Discutamos as ideias contidas nessa citação. Para Piaget a lógica que preside as<br />

ações do indivíduo sobre os objetos de seu conhecimento é a mesma que preside as<br />

relações dos indivíduos uns com os outros. Por sua vez, essa lógica é constituída por<br />

formas de pensamento “que são tiradas do funcionamento comum, peculiar a toda<br />

organização viva”, ou seja, a mesma lógica que preside os processos biológicos,<br />

também preside as interações sociais e os processos cognitivos. Assim, o fato de<br />

Piaget afirmar que as interações sociais (“regulações interindividuais”) são<br />

necessárias para o indivíduo superar o egocentrismo intelectual não significa como<br />

poderia parecer à primeira vista que Piaget estaria levando em conta a dialética entre<br />

o social e o individual. Na verdade sua solução para a questão das relações entre o<br />

individual e o social é submeter tudo ao “mesmo fundo biológico comum”, ou seja,<br />

submeter tudo ao funcionamento orgânico, isto é, do organismo. Em última instância<br />

prevalecem na teoria piagetiana os processos internos do organismo. É por isso que<br />

Delval afirma, como já foi aqui mencionado, que o conhecimento é um processo<br />

interno. Essa concepção transforma o social em pura abstração, em processualidade<br />

desprovida de concretude histórica. Como afirma Duarte (2006c, p. 280), qualquer<br />

que seja a perspectiva a partir da qual se analise a teoria piagetiana<br />

[...] chega-se sempre ao mesmo ponto, isto é, ao pressuposto de que a<br />

unidade dos processos psicológicos e sociais é dada pelo princípio da<br />

equilibração, como princípio universal, originário dos processos<br />

orgânicos. O social não é um princípio explicativo, mas sim um dos<br />

elementos de um esquema teórico no qual o princípio explicativo<br />

fundamental é a tendência ao equilíbrio.<br />

Essa concepção de social, ao orientar as atividades educativas escolares,<br />

resulta na supervalorização das interações entre os alunos, à qual passa a subordinar-

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