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Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp

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149<br />

O último texto que analisaremos do governo Fleury intitula-se “O<br />

construtivismo e o sociointeracionismo: as outras áreas do conhecimento – Educação<br />

Física”. Esse artigo foi escrito por João Batista Freire e faz parte do número 19 da<br />

série “Ideias”, composto por uma coletânea de artigos escritos por ocasião do<br />

Seminário “Alfabetização: presente, passado e futuro”, realizado pela F<strong>DE</strong> durante essa<br />

gestão.<br />

Devemos ressaltar que o texto parece apresentar contradições aos postulados<br />

construtivistas ao afirmar que ao homem não basta sua condição de espécie, sendo<br />

imperiosa a constituição de uma segunda natureza, baseada na cultura (p. 92).<br />

Também tem o autor um tom aparentemente crítico quando se refere à apropriação<br />

privada da cultura para desenvolvimento da inteligência (p. 93) e da motricidade (p.<br />

94). Entretanto, um exame mais atento nos leva a perceber que não há nessas<br />

colocações uma visão verdadeiramente superadora da condição de classe. Isso<br />

porque o princípio que norteia o pensamento do autor é piagetiano. Além de citá-lo<br />

diretamente duas vezes (p. 93 e 94), uma marca bastante forte no texto é o<br />

pressuposto de que o indivíduo deve se adaptar ao mundo, como defendia Piaget 95 .<br />

Sobre essa questão, já abordada no capítulo 2, devemos lembrar que a adaptação do<br />

sujeito o impede de vislumbrar transformações, como defendemos na perspectiva<br />

marxista, na qual o indivíduo não deve se submeter à sociedade capitalista, mas<br />

buscar superá-la, substituindo-a pela sociedade comunista.<br />

Vejamos agora como o autor trata da questão da brincadeira em seu texto,<br />

buscando demonstrar nossas divergências fundamentadas nos pressupostos da<br />

psicologia histórico-cultural.<br />

Segundo Freire (1994, p. 93), o “tempo da brincadeira” é uma fase na qual “[...]<br />

ainda não haveria uma relação direta entre o mundo real e nosso mundo espiritual”.<br />

Também assevera o autor, que crianças de todas as classes brincam e para ele, é “[...]<br />

até comum que aquelas populações periféricas tenham mais acesso a brinquedos, a<br />

coordenações motoras complexas do que as que habitam em apartamentos.” (FREIRE,<br />

1994, p. 94). O problema estaria, segundo ele, no fato de que a infância acaba mais<br />

95 Freire (1994) utiliza os termos adaptação(ões), necessidades adaptativas e adaptar cinco<br />

vezes em um texto de cinco páginas e meia. Confira páginas 91 a 93.

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