Ana Carolina Galvão Marsiglia UM QUARTO DE ... - Home - Unesp
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(SÃO PAULO, 1992d 88 , p. 12). O professor, de acordo com o documento, deve<br />
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considerar as experiências dos alunos, mas não permanecer nelas. Entretanto, ao<br />
defender que o ensino se organize a partir da história do cotidiano, apoiando-se numa<br />
epistemologia acrítica dos conhecimentos, o avanço possível é muito pequeno.<br />
Exemplifiquemos com o caso do eixo proposto para o Ciclo Básico: “A criança<br />
constrói sua história”. Nele, são propostos três subitens: identificação das relações<br />
sociais no espaço que a criança vive; identificação das relações de trabalho existentes<br />
no meio em que a criança vive; identificação da noção de tempo e espaço. (SÃO<br />
PAULO, 1992d, p. 15-16).<br />
No primeiro subitem, sugere-se a familiarização do aluno com seus dados<br />
pessoais e dos que o cercam. Os alunos “[...] deverão ser orientados a identificarem a<br />
natureza de dominação, subordinação e/ou cooperação presentes nas suas relações<br />
domésticas.” (SÃO PAULO, 1992d, p. 16). Também nesse processo, o professor poderá<br />
verificar se o aluno convive com situações de violência, o que deve ser explorado pelo<br />
professor para enfatizar a cooperação e a solidariedade. Dominação, subordinação e<br />
violência só aparecem na vida doméstica dos alunos?<br />
No segundo subitem, em continuidade ao tom acrítico presente na proposta,<br />
pretende-se “[...] introduzir as primeiras noções de trabalho e refletir a respeito das<br />
relações sociais daí decorrentes [...]” (SÃO PAULO, 1992d, p. 17) por meio de relatos<br />
orais, desenhos e escritas. Porém, o importante para a proposta é que o aluno<br />
identifique a relevância da atividade social da vivência do educando, sendo que o<br />
professor deve chamar a atenção do aluno “[...] para as habilidades necessárias ao<br />
desenvolvimento das diferentes atividades profissionais [...]” (SÃO PAULO, 1992d, p.<br />
17-18, grifo nosso). Ademais, o documento destaca que devem ser evidenciados para<br />
o aluno os instrumentos e materiais necessários à realização do trabalho, bem como<br />
suas formas de remuneração e “[...] a existência de um trabalho não remunerado e do<br />
trabalho doméstico, apontando semelhanças e diferenças entre o trabalho<br />
remunerado e não remunerado.” (SÃO PAULO, 1992d, p. 18). Em nenhum momento<br />
se propõe discutir o trabalho como atividade vital humana, a exploração do trabalho e<br />
suas expressões desumanas e alienadas.<br />
88 A 1ª edição preliminar é de 1986.