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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 4 • 103<br />

Tu não és praticante da lei, e sim juiz. Esta sentença deve ser<br />

explicada assim: “Quando reivindicas para ti o poder de censurar acima<br />

da lei de Deus, te isentas do dever de obediência à lei”. Aquele,<br />

pois, que julga temerariamente seu irmão, lança de si o jugo de Deus,<br />

porquanto não se submete à norma comum da vida. Este, pois, é um<br />

argumento com base no que é contrário; porque a guarda da lei é totalmente<br />

diferente desta arrogância, quando os homens atribuem a seu<br />

conceito o poder e a autoridade da lei. Daí se segue que então só guardamos<br />

a lei quando dependemos total e unicamente de seu ensino, e<br />

não de outro modo de distinguirmos entre o bem e o mal; pois todos<br />

os feitos e palavras dos homens devem ser regulados por ela.<br />

Fosse alguém objetar e dizer que inclusive os santos serão os juízes<br />

do mundo [1Co 6.2], a resposta é óbvia: que esta honra não lhes<br />

pertence segundo seu próprio direito, mas por serem membros de<br />

Cristo; e que agora julgam em conformidade com a lei, de modo que<br />

não devem ser considerados juízes, porque apenas assentem obedientemente<br />

a Deus como seu próprio Juiz e o Juiz de todos. Com respeito<br />

a Deus, ele não deve ser considerado praticante da lei, porque a justiça<br />

é anterior à lei; pois a lei emanou da eterna e infinita justiça de Deus<br />

como um rio de sua fonte.<br />

12. Há um só legislador. 36 Ao conectar o poder de salvar e destruir<br />

com o ofício de um legislador, ele notifica que toda a majestade de Deus<br />

é forçosamente assumida por aqueles que reivindicam para si o direito<br />

de fazer uma lei; e isto é o que é feito por aqueles que impõem como lei<br />

sobre outrem sua própria atitude ou vontade. E recordemos bem que<br />

aqui o sujeito não é o governo civil, no qual os editos e leis dos magistrados<br />

têm lugar, mas o governo espiritual da alma, no qual somente a<br />

palavra de Deus deve manter o domínio. Há, pois, um só Deus, que tem<br />

as consciências sujeitadas, por direito, a suas próprias leis, como o único<br />

que tem em sua própria mão o poder de salvar e destruir.<br />

36 Griesbach acresce καὶ κριτής, “e juiz”, redação esta favorecida por muitos manuscritos<br />

e pelas versões; e, indubitavelmente, ela faz a passagem mais completa, especialmente<br />

quando o que segue pertence ao juiz, antes que ao legislador, isto é, salvar ou destruir.

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