06.10.2015 Views

Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

298 • <strong>Comentário</strong> das <strong>Epístolas</strong> <strong>Gerais</strong> – 2Pedro<br />

de seus deveres, nada lhes restando senão buscar abrigo em Deus, em<br />

busca de auxílio e recurso. 7<br />

8. Porque, se estas coisas estiverem em vós. Então, diz ele, por<br />

fim provareis que Cristo realmente é conhecido por vós, se fordes<br />

dotados com virtude, temperança e os demais dons. Pois o conhecimento<br />

de Cristo é algo eficaz e uma raiz viva, a qual produz fruto.<br />

Porque, ao dizer que essas coisas os fariam nem estéreis nem infrutíferos,<br />

ele mostra que todos que se gloriam, em vão e falsamente, de<br />

que possuem conhecimento de Cristo, que se gabam dele sem amor,<br />

paciência e dons afins, são como diz Paulo também em Efésios 4.20-22:<br />

“Mas vós não aprendestes assim a Cristo, se é que o tendes ouvido, e<br />

nele fostes instruídos, como está a verdade em Jesus; que, quanto ao<br />

trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas<br />

concupiscências do engano”, etc. Pois ele tem em mente que todos<br />

quantos possuem Cristo sem novidade de vida nunca foram corretamente<br />

instruídos em sua doutrina.<br />

Mas ele não deseja apenas que aos fiéis se ensine a paciência, a<br />

piedade, a temperança, o amor; ele, porém, requer um progresso espiritual<br />

a atingir-se no tocante a esses dons, e com razão, pois ainda<br />

estamos longe do alvo. Devemos, pois, avançar sempre, para que os<br />

dons divinos aumentem continuamente em nós.<br />

9. Aquele, porém, em quem estas coisas estão ausentes. Ele agora<br />

expressa mais claramente que quem professa uma mera fé vivem totalmente<br />

destituídos de qualquer conhecimento genuíno. Ele, pois, diz que<br />

se desviam como cego no escuro, porque não vêem a vereda certa que<br />

7 A questão do livre-arbítrio não pertence propriamente a esta passagem; pois o apóstolo<br />

escreve, não aos que estão em seu estado natural, e sim aos que já são consideradas<br />

novas criaturas. A questão do livre-arbítrio deve confinar-se à conversão, e não se<br />

estende ao estado dos que já se converteram. O décimo Artigo da Igreja da Inglaterra<br />

quase satisfaz a questão, contudo não plenamente; ele atribui o desejo de conversão<br />

mais distintamente a Deus, e afirma que o homem não pode converter-se; mas não diz<br />

expressamente se o homem pode resistir a boa vontade que lhe é dada, a qual é o próprio<br />

cerne da questão. Ele, porém, diz mais que a graça de Deus, por Cristo, “opera conosco<br />

quando temos essa boa vontade”, o que por certo parece implicar que a boa vontade<br />

anteriormente concedida se torna por isso eficaz. Se há, pois, certa cooperação (como<br />

sem dúvida há), é a cooperação, em conformidade com este Artigo, da boa vontade<br />

anteriormente concedida, e não de algo inerente no homem.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!