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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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212 • <strong>Comentário</strong> das <strong>Epístolas</strong> <strong>Gerais</strong> – 1Pedro<br />

nos traz a paz estava sobre ele”. Caso objetem, dizendo que isto só é<br />

válido antes do batismo, o contexto aqui os reprova, pois as palavras<br />

são dirigidas aos fiéis.<br />

Mas, esta sentença e a seguinte, por cujos açoites fostes sarados, podem<br />

aplicar-se também ao sujeito em pauta, a saber, que nos cabe levar<br />

em nossos ombros os pecados dos outros, de fato não para fazer expiação<br />

por eles, mas somente levá-los como um fardo posto sobre nós.<br />

Estando mortos para os pecados. 33 Antes ele havia destacado<br />

outro fim, a saber: o exemplo de paciência; aqui, porém, como já se<br />

afirmou, ele se faz mais manifesto, a saber, que devemos viver uma<br />

vida santa e justa. A Escritura às vezes menciona ambos, a saber, que<br />

o Senhor nos prova com tribulações e adversidades para que sejamos<br />

conformados à morte de Cristo, e também que o velho homem já foi<br />

crucificado na morte de Cristo, para que andemos em novidade de<br />

vida [Fp 3.10; Rm 6.4]. Ao mesmo tempo, este fim de que ele fala difere<br />

do primeiro, não só como daquilo que é geral do que é particular; pois<br />

na paciência há simplesmente um exemplo; mas quando ele diz que<br />

Cristo sofreu, que estando mortos para os pecados vivamos para a<br />

justiça, ele notifica que há poder na morte de Cristo para mortificar<br />

nossa carne, como Paulo explica mais plenamente no capítulo 6 da<br />

Epístola aos Romanos. Pois ele não só nos trouxe este grande benefício,<br />

a saber, que Deus nos justifica gratuitamente, não nos imputando<br />

nossos pecados, mas também nos faz morrer para o mundo e para a<br />

carne, a fim de que ressurjamos para novidade de vida; não para que<br />

um dia esta morte seja completa, mas, onde quer que ela esteja, a mor-<br />

33 Ou, “Estando livres dos pecados”; ἀπογενόμενοι, estando longe de, tendo se separado<br />

de, ou sendo afastados de. Beza o traduz assim: “sendo separados de”. O que parece<br />

estar mais expressamente em pauta é o livramento do poder ou domínio do pecado,<br />

como sendo o fim deste livramento, para que vivamos para a justiça. O fim do perdão, por<br />

outro lado, é para que tenhamos paz com Deus. Beza, Estius, Grotius e Scott assumem<br />

este ponto de vista da sentença. O tema em mãos não é a remoção da culpa, mas a<br />

santidade de vida, e Cristo, em seus sofrimentos, é apresentado como nosso padrão.<br />

Então, no que segue, nosso estado enfermiço e nosso afastamento do caminho certo são<br />

as coisas mencionadas. A morte de Cristo tinha como alvo corresponder a dois grandes<br />

fins: remover a culpa e remover ou destruir o pecado em nós. A segunda remoção é o<br />

tema desta passagem.

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