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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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96 • <strong>Comentário</strong> das <strong>Epístolas</strong> <strong>Gerais</strong> – Tiago<br />

4. Adúlteros. Conecto este versículo com os versículos<br />

precedentes; pois ele os denomina de adúlteros, segundo penso, metaforicamente;<br />

pois se corrompiam com as vaidades deste mundo, e<br />

se alienavam de Deus; como se ele quisesse dizer que vieram a se tornar<br />

degenerados, ou tinham se tornado bastardos. Bem sabemos quão<br />

frequente, na Escritura, menciona-se o matrimônio que Deus contrai<br />

conosco. Ele quer, pois, que nos assemelhemos a virgens castas, no<br />

dizer de Paulo [2Co 11.2]. Esta castidade é violada e corrompida por<br />

todas as afeições impuras para com o mundo. Tiago, pois, não sem<br />

razão, compara o amor do mundo ao adultério.<br />

Aqueles, pois, que tomam suas palavras literalmente não observam<br />

suficientemente o contexto; pois ele prossegue falando contra as<br />

concupiscências humanas, as quais desviam de Deus os que se enredam<br />

com o mundo, como segue:<br />

A amizade do mundo. Ele denomina de amizade do mundo<br />

quando os homens se rendem às corrupções do mundo, e se tornam<br />

escravos delas. Pois tal e tão grande é o desacordo entre o mundo e<br />

Deus, que, quanto mais alguém se inclina para o mundo, tanto mais se<br />

aliena de Deus. Daí a Escritura nos convidar, com frequência, a renunciar<br />

o mundo, se quisermos servir a Deus.<br />

5. Pensais. Tudo indica que ele aduz da Escritura a sentença seguinte.<br />

Daí os intérpretes labutarem muito, porque nada desse gênero,<br />

pelo menos nada exatamente igual, se encontra na Escritura. Mas nada<br />

impede de aplicar-se a referência ao que já foi dito, a saber, que a amizade<br />

do mundo é adversa de Deus. Ademais, já se disse corretamente<br />

que esta é uma verdade que ocorre por toda parte na Escritura. E o<br />

fato de haver omitido o pronome, o qual teria tornado a sentença mais<br />

clara, não deve ser surpresa, porque, como é evidente, em todo o livro<br />

ele é muito conciso.<br />

O espírito, ou, o Espírito? Há quem pense que a alma humana<br />

está em pauta, e por isso lê-se a sentença afirmativamente, e, segundo<br />

este significado, que o espírito humano, como é malévolo, se acha<br />

tão infectado de ciúme, que tem sempre um misto dele. Não obstante,<br />

penso melhor que o que está em pauta é o Espírito de Deus; pois é ele

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