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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 2 • 195<br />

11. Como forasteiros e peregrinos. Esta exortação é composta de<br />

duas partes: para que suas almas fossem isentas das concupiscências<br />

dos perversos e viciosos; e também para que vivessem honestamente<br />

entre os homens e, que pelo exemplo de uma vida saudável, não só<br />

confirmassem os santos, mas também chegassem a crer em Deus.<br />

Em primeiro lugar, com o fim de afastá-los da indulgência das<br />

concupiscências carnais, ele emprega este argumento: que eles eram<br />

peregrinos e forasteiros. E ele os denomina assim não porque fossem<br />

banidos de seu país e dispersos por várias terras, mas porque os filhos<br />

de Deus, onde quer que estejam, não passam de hóspedes deste mundo.<br />

De fato, no primeiro sentido, ele, no início da Epístola, os chama<br />

de peregrinos, como transparece do contexto; aqui, porém, o que ele<br />

diz é comum a todos eles. Pois as concupiscências da carne nos mantêm<br />

enredados quando, em nossa mente, permanecemos no mundo,<br />

e cremos que o céu não é nossa pátria; mas, quando vivemos como<br />

forasteiros ao longo desta vida, não vivemos escravizados à carne.<br />

Por concupiscências ou desejos da carne ele tem em mente não somente<br />

aquelas concupiscências grosseiras que nos fazem comuns com<br />

os animais, como pretendem os sofistas, mas também aquelas paixões e<br />

afetos pecaminosos da alma, pelos quais, por natureza, somos enganados<br />

e guiados. Porquanto é certo que todo pensamento carnal, isto é, da<br />

natureza não regenerada, é inimizade contra Deus [Rm 8.7].<br />

Que fazem guerra contra a alma. Temos aqui outro argumento:<br />

que eles não podiam compactuar-se com os desejos da carne, a não<br />

ser para sua própria ruína. Pois aqui ele não se refere à contenda descrita<br />

por Paulo no sétimo capítulo de Romanos e no quinto de Gálatas,<br />

onde ele faz com que a alma seja antagônica da carne; aqui, porém, o<br />

que ele diz é que os desejos da carne, sempre que a alma lhes consinta,<br />

conduzem à perdição. Neste aspecto, ele prova nossa negligência, dizendo<br />

que, enquanto ansiosamente nos desvencilhamos dos inimigos,<br />

que significam perigo para o corpo, espontaneamente admitimos que<br />

os inimigos danosos destruam nossa alma; mais ainda, lhes esticamos,<br />

por assim dizer, nosso pescoço.

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