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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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244 • <strong>Comentário</strong> das <strong>Epístolas</strong> <strong>Gerais</strong> – 1Pedro<br />

uma dupla semelhança à morte de Cristo, a saber: que devemos conformar-nos<br />

a ele nos opróbrios e tribulações, e também que o velho<br />

homem, estando já morto e extinto em nós, sejamos renovados para<br />

uma vida espiritual [Fp 3.10; Rm 4.4]. No entanto, quando falamos da<br />

mortificação da carne, Cristo não deve ser visto simplesmente como<br />

nosso exemplo; mas é por seu Espírito que realmente nos conformamos<br />

à sua morte, de modo que ela se torna eficaz para a crucifixão de<br />

nossa carne. Em suma, como Pedro, no final do último capítulo, nos<br />

exortou à paciência segundo o exemplo de Cristo, visto que a morte<br />

lhe foi uma passagem para a vida, assim agora, da mesma morte, ele<br />

deduz uma doutrina mais elevada, a saber, que devemos morrer para<br />

a carne e para o mundo, como Paulo nos ensina mais amplamente no<br />

sexto capítulo de sua Epístola aos Romanos. Ele, pois, diz: armai-vos,<br />

ou sede armados, notificando que somos, real e eficazmente, supridos<br />

com armas invencíveis para a sujeição da carne, caso participemos,<br />

como devemos, da eficácia da morte de Cristo.<br />

Pois aquele que padeceu. Como penso, a partícula ὅτι não denota,<br />

aqui, a causa, mas deve ser tomada como sendo explicativa; pois<br />

Pedro expõe o que esse pensamento ou mente é com que a morte de<br />

Cristo nos arma, inclusive que o domínio do pecado deve ser abolido<br />

em nós, de modo que Deus reine em nossa vida. Erasmo, incorretamente,<br />

segundo penso, traduziu a expressão “aquele que padeceu”<br />

(patiebatur), aplicando-a a Cristo. Pois esta é uma sentença indefinida,<br />

a qual geralmente se estende a todos os santos e tem o mesmo significado<br />

que as palavras de Paulo em Romanos 4.7: “Aquele que está<br />

morto está justificado ou isento de pecado”; pois ambos os apóstolos<br />

notificam que, quando morremos para a carne, já não temos nada a ver<br />

com o pecado, que ele não deve reinar em nós nem exercer seu poder<br />

em nossa vida. 43<br />

43 O tema desta passagem, de 3.14 a 4.6, é o sofrimento injusto ou por causa da justiça, e<br />

Cristo é apresentado como um exemplo; sendo ele justo, sofreu pelo injusto. Após uma<br />

digressão no versículo 19 do terceiro capítulo, o apóstolo volta aqui ao seu primeiro tema:<br />

o exemplo de Cristo sofrendo na carne ou em seu corpo; e, a fim de reter ainda a idéia de<br />

que ele era justo quando sofreu, esta sentença parece ter sido posta entre parênteses:

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