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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 4 • 245<br />

Não obstante, pode-se objetar dizendo que Pedro, aqui, fala inapropriadamente,<br />

ao fazer-nos conformar a Cristo neste particular, a<br />

saber, que sofremos na carne; pois é certo que não havia em Cristo<br />

nada de pecaminoso que demandasse correção. Mas a resposta é óbvia,<br />

a saber, que não é necessário que uma comparação corresponda<br />

em todas suas partes. Então, basta que, em certa medida, nos conformemos<br />

à morte de Cristo. Da mesma maneira, explica-se também, não<br />

impropriamente, o que Paulo diz sobre sermos firmados na semelhança<br />

de sua morte [Rm 6.5]; pois a maneira não é totalmente a mesma,<br />

mas que sua morte se torna, de certo modo, o tipo e padrão de nossa<br />

mortificação.<br />

Devemos ainda notar que a palavra carne é aqui expressa duas<br />

vezes, mas em sentido distinto. Pois quando ele diz que Cristo sofreu<br />

na carne, o que tem em mente é que a natureza humana que Cristo<br />

assumiu de nós se fez sujeita à morte, isto é, que Cristo, como homem,<br />

naturalmente morreu. Na segunda sentença, que se refere a nós, carne<br />

significa a corrupção e a pecaminosidade de nossa natureza; e, assim,<br />

sofrer na carne significa a negação de nós mesmos. Agora notamos<br />

qual é a semelhança entre Cristo e nós, e qual é a diferença, a saber:<br />

Como o sofrimento que teve na carne ele o recebeu de nós, assim a<br />

totalidade de nossa carne deve ser crucificada.<br />

2. Não mais vivamos. Aqui ele expressa o caminho para a cessação<br />

do pecado, a saber: que, renunciando as concupiscências dos<br />

homens, diligenciemo-nos em modelar nossa vida segundo a vontade<br />

de Deus. E, assim, ele aqui inclui as duas coisas nas quais consiste a<br />

“Pois aquele que sofreu cessou de pecar”, isto é, não tinha pecado, mas era justo. E daí,<br />

nos versículos seguintes, ele os exorta a viver uma vida santa, não importa qual seja<br />

a oposição do mundo, para que fossem como seu Salvador, que sofreu injustamente,<br />

sendo eles mesmos inocentes. 1. “Cristo, pois, tendo sofrido por nós na carne, armai-vos<br />

também, vós mesmos, com a mesma mente (pois aquele que sofreu na carne cessou de<br />

pecar); 2. quanto a viver, não mais permanecendo na carne para as concupiscências dos<br />

homens, mas para a vontade de Deus”. Foram exortados a que seguissem o exemplo de<br />

Cristo, mas de tal maneira que não mais sofressem por seus pecados, mas por causa<br />

da justiça. Está implícito que tinham sido malfeitores, mas que agora já não são assim,<br />

do contrário seu sofrimento na carne não se assemelharia ao de Cristo. Sofrer como<br />

benfeitores, e não como malfeitores, equivalia a sofrer como Cristo sofreu.

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