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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 4 • 455<br />

Ele, porém, realça uma vez mais a causa da vinda de Cristo e de<br />

seu ofício, quando diz que ele foi enviado para ser uma propiciação<br />

por nossos pecados. E, em primeiro lugar, deveras somos ensinados,<br />

com estas palavras, que através do pecado estávamos todos alienados<br />

de Deus, e que esta alienação e discórdia permanecem até que<br />

Cristo intervenha para nos reconciliar. Somos ensinados, em segundo<br />

lugar, que o início de nossa vida se dá quando Deus, uma vez<br />

pacificado pela morte de seu Filho, nos recebe em seu favor; pois<br />

propiciação, propriamente dita, se refere ao sacrifício de sua morte.<br />

Descobrimos, pois, que esta honra de expiar os pecados do mundo,<br />

e de assim remover a inimizade que existe entre Deus e nós, pertence<br />

exclusivamente a Cristo.<br />

Aqui, porém, surge alguma aparência de inconsistência; pois se<br />

Deus nos amou antes que Cristo se oferecesse para morrer por nós,<br />

que necessidade havia de outra reconciliação? Assim, a morte de Cristo<br />

pode parecer supérflua. A isto respondo que, quando lemos que<br />

Cristo reconciliou o Pai conosco, isto deve referir-se às nossas apreensões;<br />

porque, como somos cônscios de ser culpados, não podemos<br />

conceber de Deus outra coisa senão como de alguém insatisfeito e irado<br />

conosco, até que Cristo nos absolvesse da culpa. Pois Deus, onde<br />

quer que o pecado se concretiza, quer que sua ira e o juízo da morte<br />

eterna sejam apreendidos. Daí se segue que não podemos ser de outra<br />

maneira aterrorizados pela presente expectativa no tocante à morte,<br />

até que Cristo, por sua morte, remova o pecado, até que ele nos liberte<br />

da morte por seu próprio sangue. Ademais, o amor de Deus requer<br />

justiça; para que, pois, sejamos persuadidos de que somos amados,<br />

devemos, necessariamente, achegar-nos a Cristo, unicamente em<br />

quem se pode achar justiça.<br />

Agora vemos que a variedade de expressões que ocorrem na Escritura,<br />

segundo os diferentes aspectos das coisas, é muito apropriada<br />

e especialmente útil com respeito à fé. Deus interpôs seu próprio Filho<br />

a fim de se reconciliar conosco, porque ele nos amava; mas esse amor<br />

era oculto, porquanto éramos ainda inimigos de Deus, provocando

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