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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 4 • 263<br />

de Deus não executar seus juízos contra nós e contra os demais, senão<br />

que ele nos faz os representantes de seu próprio Filho, quando nosso<br />

sofrimento não é outro senão por sua causa e por causa de seu nome.<br />

Além do mais, Pedro extraiu esta sentença do ensino comum e<br />

constante da Escritura; e isto me parece mais provável do que a referência,<br />

como alguns pensam, a determinada passagem. Outrora era<br />

comum o Senhor, como todos os profetas testemunham, exibir os primeiros<br />

exemplos de seu castigo em seu próprio povo, como o chefe<br />

de uma família corrige seus próprios filhos antes que os filhos dos<br />

estranhos [Is 10.12]. Pois ainda que Deus seja o juiz do mundo inteiro,<br />

contudo ele quer que sua providência seja especialmente reconhecida<br />

no governo de sua própria igreja. Daí, quando declara que se levantaria<br />

como juiz do mundo inteiro, ele adiciona que isto seria depois de<br />

haver completado sua obra no monte Sião. De fato ele manifesta sua<br />

mão, indiferentemente, contra seu próprio povo e contra os estranhos;<br />

pois vemos que ambos estão igualmente sujeitados a adversários; e,<br />

se for feita uma comparação, de certo modo parece que ele poupa<br />

os réprobos e se faz severo para com os eleitos. Daí as queixas dos<br />

santos, de que os perversos vivem sua vida em prazeres perenes, e<br />

se deleitam com vinho e harpa e, por fim, num instante, descem sem<br />

dores ao túmulo – que a gordura cobre seus olhos; que vivem isentos<br />

de tribulações; que, tranquila e jubilosamente, vivem sua vida olhando<br />

para os demais com desdém, de modo que ousam abrir sua boca contra<br />

o céu [Jó 21.13; Sl 73.3-9]. Em suma, Deus regula seus juízos neste<br />

mundo, de tal maneira que apressa os perversos para o dia da matança.<br />

Ele, pois, faz vista grossa de seus muitos pecados e, por assim<br />

dizer, se faz conivente com eles. No entanto, ele restaura, mediante<br />

correções, aos seus próprios filhos, de quem ele cuida, encaminhando-os<br />

ao caminho reto, sempre que se afastam dele.<br />

É neste sentido que Pedro diz que o juízo começa na casa de Deus;<br />

pois o juízo inclui todas aquelas punições que o Senhor inflige sobre<br />

os homens em virtude de seus pecados, e tudo quanto aponta para a<br />

reforma do mundo.

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