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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 3 • 237<br />

não se pode evocar nenhum outro significado próprio, não hesito em<br />

apresentar esta explicação de uma passagem tão intricada, para que<br />

os leitores entendam que os designados de incrédulos são diferentes<br />

daqueles a quem eu disse que o evangelho foi pregado.<br />

Daí, depois de haver dito que Cristo se manifestou aos mortos,<br />

imediatamente acrescenta: os quais noutro tempo foram incrédulos;<br />

com isso notificando que não constituía injúria aos santos pais que<br />

vivessem quase ocultos em meio ao vasto número de ímpios. Porque,<br />

segundo penso, ele responde uma dúvida que poderia ter se apossado<br />

dos fiéis daqueles dias. Eles viam quase o mundo inteiro cheio de<br />

incrédulos, os quais desfrutavam de toda autoridade, e que a vida se<br />

achava em seu poder. Esta provação poderia ter abalado a confiança<br />

dos que estavam encerrados, por assim dizer, sob a sentença de<br />

morte. Portanto, Pedro lembra-lhes que a condição dos pais não era<br />

diferente, e que, ainda que a multidão de ímpios cobria então todo o<br />

mundo, sua vida, contudo, era preservada em segurança pelo poder<br />

de Deus.<br />

Ele, pois, confortou os santos, para que não fossem esmagados<br />

e destruídos em razão de serem tão poucos; e escolheu o mais notável<br />

exemplo da antiguidade, a saber, aquele do mundo arruinado pelo<br />

dilúvio; pois então, na ruína comum do gênero humano, somente a<br />

família de Noé escapou. E ressalta a maneira, dizendo que isso era um<br />

tipo do batismo. Neste aspecto também não há nada de inoportuno.<br />

Eis a suma do que se diz aqui: que o mundo sempre esteve cheio<br />

de incrédulos, mas que os santos não devem viver terrificados por seu<br />

imenso número; pois ainda que Noé estivesse cercado por ímpios de<br />

todos os lados, e tivesse bem poucos como amigos, nem por isso se<br />

deixou desviar do curso certo de sua fé. 42<br />

42 A explicação mais satisfatória desta passagem é a de Beza, Doddridge, Macknigut e Scott,<br />

a saber, que a referência é ao que foi feito nos dias de Noé, ou seja, que Cristo, por<br />

meio de seu Espírito, o usou como pregador da justiça, embora sem sucesso, quando os<br />

espíritos dos homens a quem ele pregava estavam então em prisão, reservados, como<br />

os anjos apóstatas estão representados, para o juízo do último dia. O apóstolo já disse<br />

que o Espírito de Cristo estava nos profetas que prediziam sua vinda [1.11]. A passagem<br />

pode ser assim traduzida: 19. “Pela qual também ele, tendo ido, pregou aos espíritos que

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