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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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82 • <strong>Comentário</strong> das <strong>Epístolas</strong> <strong>Gerais</strong> – Tiago<br />

respeito ao leme do navio, o qual guia uma grande nave e sobrepuja a<br />

impetuosidade dos ventos. Ainda que a língua seja um pequeno membro,<br />

contudo ela vale muito em regular a vida de uma pessoa.<br />

E se gaba de grandes coisas. O verbo μεγαλαυχεῖν significa alguém<br />

que se vangloria ou se gaba. Tiago, porém, nesta passagem, não tenciona<br />

reprovar a ostentação tanto quanto mostrar que a língua é a artesã<br />

de grandes coisas; pois nesta última sentença ele aplica as comparações<br />

anteriores a seu tema; e a vã ostentação não se ajusta ao freio e ao<br />

leme. Ele, pois, tem em mente que a língua é dotada com grande poder.<br />

Eu demonstro que Erasmo traduziu por impetuosidade, a inclinação,<br />

do piloto ou guia; pois ὁρμὴ significa desejo. Deveras admito que entre os<br />

gregos ele designa aquelas concupiscências que não são subservientes à<br />

razão. Aqui, porém, Tiago simplesmente fala da vontade do piloto.<br />

5. Vede como pouco fogo incendeia<br />

um grande objeto.<br />

6. E a língua é um fogo, um mundo de<br />

iniquidade; assim é a língua entre<br />

nossos membros, e contamina o<br />

corpo inteiro, e inflama o curso da<br />

natureza, e atiça o fogo do inferno.<br />

5. Ecce exiguus ignis quantam sylvam<br />

incendit.<br />

6. Et lingua ignis est, et mundus iniquitatis:<br />

sic inquam lingua constituta<br />

est in membris postris, inquinans<br />

totum corpus, inflammas rotam nativitatis,<br />

et inflammatur a gehenna.<br />

Ele agora explica os males que procedem da negligência de refrear<br />

a língua, a fim de sabermos que a língua pode fazer muito bem<br />

ou muito mal – que, se for modesta e bem regulada, se torna um freio<br />

ao longo de toda a vida; mas que, se for petulante e violenta, como um<br />

fogo, destrói todas as coisas.<br />

Ele a representa como um pequeno ou pouco fogo, para notificar<br />

que esta pequenez da língua não será um obstáculo, cujo poder se<br />

estenderá inimaginavelmente e fará muito dano.<br />

6. Ao acrescentar que ela é um mundo de iniquidade, é o mesmo<br />

se ele a tivesse chamado o mar ou o abismo. E apropriadamente conecta<br />

a pequenez da língua com a vastidão do mundo; segundo este<br />

sentido, uma pequena porção de carne contém em si todo o universo<br />

de iniquidade.

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