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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 5 • 475<br />

forem os sinais da glória divina que resplandeçam em Cristo, contudo<br />

nos seriam obscuros e escapariam à nossa visão, se o Espírito Santo<br />

não abrisse em nós os olhos da fé.<br />

Agora os leitores podem entender por que João evocou o Espírito<br />

como testemunha, juntamente com a água e o sangue, a saber, porque<br />

é o ofício peculiar do Espírito purificar nossas consciências pelo<br />

sangue de Cristo, para fazer com que a purificação efetuada por ele<br />

seja eficaz. Sobre este tema, algumas observações são feitas no início<br />

da segunda Epístola de Pedro, onde ele usa quase a mesma forma de<br />

linguagem, a saber, que o Espírito Santo purifica nossos corações pela<br />

aspersão do sangue de Cristo. 36<br />

Mas, destas palavras podemos aprender que a fé não se prende<br />

a um mero Cristo, ou a Cristo vazio, mas que seu poder é, ao mesmo<br />

tempo, vivificante. Pois a que propósito foi Cristo enviado à terra, senão<br />

para reconciliar Deus pelo sacrifício de sua morte? Exceto que o<br />

ofício de lavar lhe fosse outorgado pelo Pai?<br />

Por mais que se objete, dizendo que a distinção aqui mencionada<br />

é supérflua, visto que Cristo nos purificou, expiando nossos pecados,<br />

então o apóstolo menciona a mesma coisa duas vezes. Aliás, admito<br />

que a purificação está inclusa na expiação; por isso não faço diferença<br />

entre a água e o sangue, como se fossem distintos; mas se algum<br />

36 Se incluirmos as palavras consideradas uma interpolação, podemos ler a passagem<br />

assim: “Este é aquele que veio com água e sangue, sim, Jesus Cristo; não só com água,<br />

mas com água e sangue. O Espírito também dá testemunho, pois (ou, visto que) o Espírito<br />

é verdade (ou, é verdadeiro); porque há três que dão testemunho: o Espírito, a água e o<br />

sangue; e estes três concordam em um”. Vemos aí uma razão por que se diz que o Espírito<br />

é verdadeiro, a saber, porque ele não está sozinho, pois a água e o sangue concorrem<br />

com ele. E assim um testemunho se forma consistentemente com o requerimento da<br />

lei. Daí vermos ainda a essência do que se declara quando se menciona o testemunho<br />

dos homens, como se quisesse dizer: o testemunho de três homens é recebido como<br />

válido, quanto mais válido é o testemunho de Deus, que tem três testemunhas em seu<br />

favor! Denomina-se de testemunho de Deus porque as testemunhas foram ordenadas e<br />

designadas por ele. Quando lemos que ele veio com água e sangue, o significado é que ele<br />

veio, tendo água e sangue; a preposição διὰ às vezes tem este significado, e ela é mudada<br />

na segunda sentença para ἐν. Deparamo-nos com exemplos semelhantes em 2 Coríntios<br />

3.11 e em 4.11. Conferir Romanos 2.27; 4.11. Segundo esta construção, a explanação de<br />

Calvino é a única correta, a saber, que a água significa purificação, e o sangue, expiação,<br />

sendo os termos emprestados dos ritos da lei; e também se faz referência à lei quando se<br />

menciona o testemunho dos homens.

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