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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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258 • <strong>Comentário</strong> das <strong>Epístolas</strong> <strong>Gerais</strong> – 1Pedro<br />

12. Amados, não estranheis, ou não vos maravilheis. Há nesta<br />

Epístola uma frequente menção a aflições; cuja razão já expliquei em<br />

outro lugar. Mas é preciso observar-se esta diferença: quando ele exorta<br />

os fiéis à paciência, às vezes fala em termos gerais de tribulações<br />

comuns à vida humana; aqui, porém, ele fala de injustiças praticadas<br />

contra os fiéis por causa do nome de Cristo. Aliás, primeiramente,<br />

ele lhes recorda que não devem considerar estranho se estas [tribulações]<br />

fossem algo súbito e inesperado. Com isso ele notifica que<br />

devem, mediante longa meditação, preparar-se previamente para suportar<br />

a cruz. Pois, quem quer que resolva lutar sob a bandeira de<br />

Cristo, não ficará desalentado quando surgir perseguição; mas, como<br />

quem está acostumado a ela, a suportará pacientemente. Portanto,<br />

para que tenhamos um estado mental bem preparado, para quando as<br />

ondas de perseguições nos arrebatarem devemos, no devido tempo,<br />

habituar-nos a tais eventos mediante contínua meditação sobre a cruz.<br />

Além do mais, ele prova que a cruz nos é útil, fazendo uso de<br />

dois argumentos: é assim que Deus testa nossa fé; e que é assim que<br />

nos tornamos participantes com Cristo. Portanto, em primeiro lugar,<br />

ele nos recorda que a prova de nossa fé é muito necessária, e que<br />

devemos, assim, obedecer voluntariamente a Deus, que faz provisão<br />

para nossa salvação. Não obstante, a principal consolação se deriva<br />

de um companheirismo com Cristo. Daí Pedro não só proibir-nos de<br />

estranhar [a tribulação], quando põe isto diante de nós, mas também<br />

nos incita a nos regozijarmos. Aliás, é causa de júbilo quando Deus<br />

testa nossa fé pela instrumentalidade da perseguição; mas o outro júbilo<br />

é ainda muito mais profundo, a saber, quando o Filho de Deus nos<br />

faz participantes consigo do mesmo curso de vida, a fim de nos levar<br />

consigo a uma bendita participação da glória celestial. Pois devemos<br />

manter em mente esta verdade: que levamos em nossa carne o morrer<br />

de Cristo, para que sua vida se manifeste em nós. De fato os perversos<br />

também enfrentam muitas aflições; mas, como se acham separados<br />

de Cristo, nada apreendem senão a ira e a maldição de Deus; e assim<br />

sucede que a dor e o terror os esmagam.

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