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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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420 • <strong>Comentário</strong> das <strong>Epístolas</strong> <strong>Gerais</strong> – 1João<br />

um propósito deliberado de pecar, ou curso contínuo no pecado, então<br />

a lei é transgredida. 18<br />

5. E sabemos que ele se manifestou, ou apareceu. Fazendo uso<br />

de outro argumento, ele mostra o quanto o pecado e a fé diferem entre<br />

si; pois o ofício de Cristo é tirar os pecados, e para este fim ele foi<br />

enviado pelo Pai; e é pela fé que participamos da virtude de Cristo. Então,<br />

aquele que crê em Cristo é, necessariamente, purificado de seus<br />

pecados. Mas em João 1.29 lemos que Cristo tira os pecados porque<br />

ele fez expiação por eles mediante o sacrifício de sua morte, para que<br />

eles não nos fossem imputados perante Deus. João significa, neste lugar,<br />

que Cristo é real e, por assim dizer, atualmente tira os pecados<br />

porque, através dele, nosso velho homem é crucificado e seu Espírito,<br />

mediante arrependimento, mortifica a carne com todas suas paixões.<br />

Pois o contexto não nos permite explicar isto em referência à remissão<br />

de pecados; pois, como eu já disse, ele arrazoa assim: “Quem não cessa<br />

de pecar torna sem efeito os benefícios derivados de Cristo, visto<br />

que ele veio para destruir o poder reinante do pecado”. Isto pertence<br />

à santificação efetuada pelo Espírito.<br />

E nele não há pecado. Ele não fala de Cristo, pessoalmente, mas<br />

da totalidade de seu corpo. 19 Sempre que Cristo difunde sua graça eficaz,<br />

ele nega que haja mais algum espaço para o pecado. Ele, pois,<br />

extrai imediatamente esta inferência, a saber, que quem permanece<br />

18 Fazer, ou cometer, ou operar, ou praticar pecado e pecar evidentemente são usados<br />

pelo apóstolo no mesmo sentido; e cometer e praticar pecado, segundo o que ele diz em<br />

seu Evangelho [8.34], é o mesmo que ser “servo do pecado”. Daí ser evidente que, na<br />

passagem de João, cometer pecado ou pecar significa um curso prevalecente ou habitual<br />

de pecar. Podemos traduzir assim o quarto versículo: “Todo praticante de pecado é<br />

também praticante de injustiça; pois pecado é injustiça”, ou iniquidade, como Calvino o<br />

traduz. A palavra ἀνομία, literalmente, é ilegalidade, porém nunca é usada estritamente<br />

neste sentido, nem na Septuaginta, nem no Novo Testamento. Os termos pelos quais<br />

comumente se expressa são perversidade, iniquidade, transgressão, injustiça. Conferir<br />

versículo 7.<br />

19 Geralmente é tomado como se referindo a Cristo, pessoalmente; sendo ele mencionado<br />

aqui como que não tendo pecado, porquanto, neste aspecto, ele é um exemplo para seu<br />

povo; ou, segundo outros, porque ele se tornou, assim, apto para o ofício de remover<br />

nossos pecados; ou porque ele não tinha pecado propriamente seu para remover. Grotius<br />

considerava o presente como usado aqui pelo pretérito, “e pecado não estava nele”.<br />

Conferir um caso semelhante em João 15.27.

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