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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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200 • <strong>Comentário</strong> das <strong>Epístolas</strong> <strong>Gerais</strong> – 1Pedro<br />

dos magistrados, todos quantos desprezam sua autoridade são inimigos<br />

do gênero humano.<br />

E então ele presume duas coisas que pertencem, no dizer de Platão,<br />

a uma comunidade, a saber, recompensa aos bons e castigo aos<br />

perversos; pois, nos tempos antigos, não só se aplicava castigo aos<br />

malfeitores, mas que também os benfeitores eram recompensados.<br />

Mas, ainda que repetidas vezes ocorra que não se distribuem honras<br />

segundo a justiça, nem se galardoe aos que o merecem, contudo é uma<br />

honra que não se deve desprezar que os bons, no mínimo, estejam sob<br />

o cuidado e proteção dos magistrados, para que não se exponham à<br />

violência e injúrias dos ímpios, para que vivam mais tranquilamente<br />

sob as leis e conservem mais sua reputação, do que se cada um vivesse,<br />

sem qualquer restrição, como bem lhe agrada. Em suma, é uma<br />

bênção singular da parte de Deus que ele não permita aos perversos<br />

viverem como bem lhes apraz.<br />

Entretanto, é possível que aqui alguém objete e diga que os reis<br />

e os magistrados repetidamente usam mal seu poder e usam de crueldade<br />

tirânica em vez de distribuir justiça. Quase todos os magistrados<br />

eram assim quando esta Epístola foi escrita. Eis minha resposta: os<br />

tiranos e os que se assemelham a eles não produzem tais efeitos por<br />

seu abuso, mas para que a ordenança divina permaneça sempre em<br />

vigor, como a instituição do matrimônio não é subvertida ainda que<br />

a esposa e o esposo agissem de uma maneira que não lhes é conveniente.<br />

Portanto, por mais que os homens se extraviem, contudo o fim<br />

estabelecido por Deus não pode ser mudado.<br />

Talvez alguém mais objete e diga que não devemos obedecer<br />

aos príncipes que, até onde possam, pervertem a santa ordenança de<br />

Deus, e assim se convertem em feras selvagens, enquanto os magistrados<br />

devem portar a imagem de Deus. Minha resposta é que o governo<br />

estabelecido por Deus deve ser valorizado de tal maneira por nós, a<br />

ponto de honrarmos inclusive os tiranos quando se acham no poder.<br />

No entanto há outra réplica ainda mais evidente, a saber, que nunca<br />

houve uma tirania (nem se pode imaginar), por mais cruel e desenfrea-

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