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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 3 • 437<br />

dos seus esforços, por mais insuficientes em perfeição possam ser,<br />

contudo agradam a Deus, com razão afirma-se que possuem um coração<br />

sereno ou pacífico, porque não há contrição íntima a perturbar<br />

sua exultante calma.<br />

22. E tudo quanto lhe pedirmos. Estas duas coisas se relacionam<br />

bem: confiança e oração. Como previamente ele mostrou que<br />

uma má consciência é inconsistente com a confiança, então agora ele<br />

declara que ninguém pode realmente orar a Deus senão aqueles que,<br />

com um coração puro, temem e o cultuam corretamente. A segunda<br />

procede da primeira. É uma verdade geral ensinada na Escritura que<br />

os ímpios não são ouvidos por Deus; mas que, ao contrário, seus<br />

sacrifícios e orações lhe são uma abominação. Daí, aqui se fecha a<br />

porta aos hipócritas, para que eles não se precipitem em sua presença<br />

com desdém.<br />

Não obstante, ele não quer dizer que se deve apresentar uma boa<br />

consciência, como se ela obtivesse favor para nossas orações. Ai de<br />

nós se atentarmos para as obras, as quais nada possuem em si senão<br />

o que é causa de temor e tremor. Os fiéis, pois, não podem de outra<br />

forma achegar-se ao tribunal divino, senão pela confiança depositada<br />

em Cristo o Mediador. Mas, como o amor de Deus é sempre conectado<br />

com a fé, o apóstolo, com o fim de poder com mais severidade reprovar<br />

os hipócritas, os priva daquele singular privilégio com que Deus<br />

agracia seus próprios filhos; isto é, para que não pensem que suas<br />

orações têm acesso a Deus.<br />

Ao dizer, porque guardamos seus mandamentos, sua intenção<br />

não é que a confiança em oração está fundada em nossas obras;<br />

mas apenas ensina isto: que a verdadeira religião e o culto sincero<br />

de Deus não podem existir separadamente da fé. Tampouco deve<br />

parecer estranho que ele use uma partícula causal, ainda que não<br />

fale de uma causa; pois às vezes se menciona como uma causa uma<br />

adição inseparável, como quando alguém diz: Porque o sol brilha<br />

sobre nós ao meio-dia, há mais calor; porém não se segue que o<br />

calor procede da luz.

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