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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 2 • 75<br />

admitimos plenamente que o homem é justificado por obras, como<br />

quando alguém diz que uma pessoa se enriquece pela compra de uma<br />

grande e valiosa propriedade, porque suas riquezas, antes ocultas, fechadas<br />

num baú, se tornaram assim conhecidas.<br />

22. Foi pelas obras que a fé foi aperfeiçoada. 21 Com isto uma vez<br />

mais ele mostra que a questão aqui não diz respeito à causa de nossa<br />

salvação, mas se as obras acompanham necessariamente a fé; porque,<br />

neste sentido, diz-se que ela foi aperfeiçoada pelas obras, porque<br />

ela não era ociosa. Lemos que ela foi aperfeiçoada pelas obras, não<br />

porque recebesse daí sua própria perfeição, mas porque assim ficou<br />

provado que ela era verdadeira. Pois a fútil distinção que os sofistas<br />

extraem destas palavras, entre fé formada e fé informada, não carece<br />

de refutação laboriosa; pois a fé de Abraão era formada e, portanto,<br />

aperfeiçoada antes que ele sacrificasse seu filho. E esta obra não era,<br />

por assim dizer, a obra final ou última, pois muitas coisas vieram mais<br />

tarde, pelas quais Abraão provou o aumento de sua fé. Daí, esta não<br />

era a perfeição de sua fé, nem então, pela primeira vez, se vestiu de sua<br />

forma. Tiago, pois, não entendeu outra coisa senão que a integridade<br />

de sua fé então apareceu, porque ela manifestou aquele notável fruto<br />

de obediência.<br />

23. E a Escritura se cumpriu. Aqueles que buscam provar, com<br />

base nesta passagem de Tiago, que as obras de Abraão foram imputadas<br />

para justiça, devem, necessariamente, confessar que a Escritura é<br />

pervertida por ele; porque, por mais que a pervertam e torçam, jamais<br />

poderão fazer o efeito ser sua própria causa. A passagem é citada de<br />

21 A sentença anterior dificilmente é inteligível em nossa versão ou na de Calvino. “Tu vês<br />

como a fé operou (cooperou, em Calvino) com suas obras?” O verbo é συνεργέω, que<br />

significa propriamente agir juntamente, cooperar; e significa também, como o efeito de<br />

cooperar, ajudar, socorrer. “Vês como a fé o ajudou em suas obras?” Schleusner apresenta<br />

esta paráfrase: “Tu vês que Abraão foi ajudado por sua fé a fazer suas obras notáveis”. A<br />

versão de Beza traz: “Vês que a fé foi a assistente (administradora) de suas obras”. Alguns<br />

dão a idéia de combinar com cooperação: “Tu vês que a fé cooperou com suas obras”,<br />

isto é, na justificação. Tem-se dito que, se esta combinação fosse tencionada, se teria dito<br />

que as obras cooperaram com sua fé, como a fé, segundo o testemunho da Escritura e<br />

da natureza das coisas, é o elemento primário e o principal, e como não pode haver boas<br />

obras sem a fé. Mas, a primeira explicação é a mais consoante com as palavras e com o<br />

curso da passagem.

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